Polícia prende suspeito de matar família a facadas na Grande SP

Homem se apresentou à delegacia de Mairiporã na madrugada desta quinta-feira (23)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Mairiporã

Suspeito de matar três pessoas de uma família, na zona rural de Mairiporã (Grande SP), o programador Renato Nunes Consentino, 40 anos, se apresentou à delegacia da cidade, por volta das 2h desta quinta-feira, e acabou preso. O crime ocorreu por volta de 4h de quarta (22).

As três pessoas morreram esfaqueadas e tiveram seus corpos queimados. Outras duas vítimas, também atingidas por faca, estão internadas.

De acordo com a delegacia de Mairiporã, ele morava próximo à chácara onde ficavam as casas das vítimas, na Vila Santa Cruz. A fumaça provocada por queima de lixo teria provocado o triplo assassinato.

Renato Nunes Consentino, 46 anos, suspeito de matar três pessoas de uma mesma família em Mairiporã (Grande SP), se apresentou à polícia na madrugada desta quinta-feira (23) e foi preso - Divulgação/Polícia

Além de matar as vítimas com uma faca de 11 centímetros, segundo a polícia, o homem também ateou fogo em duas residências, deixando carbonizados os corpos de Aílton Aparecido Santiago, 41 anos, e de seus sogros, Emília da Luz Silva, 74, e José Benedicto da Silva, 78.

A filha dos idosos assassinados, de 53 anos, permanece internada, pois, segundo a polícia, foi ferida com ao menos oito facadas. O filho dela, de 33 anos, que reagiu e partiu para cima do agressor, também foi atingido. Porém, ele já prestou depoimento à polícia e afirmou que acertou o homem na testa —o suspeito tinha um ferimento na cabeça ao ser preso.

Em audiência de custódia na tarde desta quinta, a Justiça manteve a prisão preventiva de Consentino, ou seja por tempo indeterminado. Ele foi indiciado por triplo homicídio qualificado por motivo fútil.

A advogada Larissa Palermo Frade, que acompanhou a audiência, disse ao Agora que não iria se manifestar sobre o caso, alegando ter sido contratada para acompanhar o procedimento judicial. Ela afirmou que vai aguardar para confirmar se irá assumir a defesa do preso.

De acordo com a polícia, logo após o crime, Consentino saiu em um Jeep Renegade vermelho e ficou rodando a esmo. Radares que identificam placas registraram a passagem do veículo por alguns pontos da Grande SP e, também, da capital paulista.

A mulher do preso afirmou, em depoimento na delegacia de Mairiporã, que o marido chegou em casa com as roupas sujas de sangue. Alegando ter problemas de debilidade física, "que a obrigariam a não poder ficar sozinha", ela disse que entrou no carro, dizendo não saber o motivo para o companheiro a levar no veículo, até então.

O carro passou a ser monitorado. Segundo relatórios do sistema Detecta, com câmeras que identificam placas, o casal passou às 9h14 pela estrada Luiz Salomão Chamma, em Mairiporã.

Às 11h21, o Jeep foi flagrado pelas câmeras inteligentes no pedágio de Atibaia (64 km de SP). Depois disso, o carro foi identificado pelo sistema de monitoramento da polícia trafegando por outros oito pontos da capital paulista, entre 0h15 desta quinta, na marginal Tietê, e 0h31, quando o veículo circulou pela avenida Paulo 6º, sentido Pinheiros, na zona oeste da cidade de São Paulo.

Cerca de uma hora e meia após o último registro das câmeras da PM, o programador se apresentou à Polícia Civil de Mairiporã.

Durante o trajeto, conforme disse a esposa do suspeito, ela descobriu que ele estaria envolvido no triplo assassinato, com base em reportagens que ela viu pela internet. A partir daí, a mulher contou que passou a convencer o companheiro a se entregar, o que ocorreu durante a madrugada.

A Polícia Civil de Mairiporã solicitará à Justiça a quebra dos sigilos bancário e telefônico do suspeito preso —para se verificar com quem ele eventualmente se comunicou, além de onde e quando comprou objetos levados ao local do ataque.

Viaturas da polícia em Mairiporã (Grande SP), logo após o assassinato de três pessoas na madrugada da última quarta-feira (22) - Reprodução/Record TV

Planejamento

O tenente Maxwel Souza, porta-voz da PM, disse na quarta-feira ao Agora que o criminoso planejou a ação violenta, por causa de objetos encontrados em uma área de mata, logo após o crime. Foram apreendidos no mato uma besta (espécie de arco de arco e flecha), além de um kit de sobrevivência, com itens de primeiros socorros, e um galão de combustível.

"Pelo que nos foi passado, o criminoso entrou primeiro na casa dos idosos, os esfaqueou, ateou fogo e foi para uma segunda residência, ao lado, onde vivem a filha dos idosos e o marido dela [o ajudante geral]", explicou o tenente.

O neto dos idosos, de 33 anos, ao perceber a movimentação conseguiu impedir que o suspeito continuasse a ação criminosa, partindo para luta corporal. O rapaz chegou a ser hospitalizado mas não corre riscos, segundo a polícia.

A idosa morta a facadas registrou boletim de ocorrência no fim de junho dizendo que sua casa foi alvo de tiros. A polícia afirmou nesta quinta que ainda não pode fazer ligação entre os dois casos.

Vizinhos da família atacada não conseguiram esconder o medo que tomou conta da região. Segundo um morador, as pessoas que moram próximas estavam se comunicando por WhatsApp.

"Aqui é muito calmo, muito silencioso, no máximo tem um bicho ou outro que aparece de vez em quando, mas nunca nada desse tipo. Está parecendo o caso daquele Lázaro", afirmou, em referência a Lázaro Barbosa de Souza, que foi morto em julho após 20 dias de caçada policial em Goiás. Ele era suspeito de ter matado um casal e dois filhos em Ceilândia e baleado três pessoas em Cocalzinho.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.