Descrição de chapéu Coronavírus Grande SP

Primeiro dia do passaporte de vacina é ignorado em Guarulhos

A partir desta quarta passou a ser obrigatório provar vacinação contra a Covid para entrar em padarias, bares e restaurantes

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São Paulo

A determinação para que comércios e serviços de Guarulhos (Grande SP) exigissem o comprovante de vacinação contra a Covid-19 para as pessoas frequentarem os ambientes passou batida nesta quarta-feira (1º), o primeiro dia da regra na cidade. Muitos comerciantes alegaram falta de tempo hábil para colocar a medida em prática.

A capital paulista também passou a exigir a comprovação da imunização, com o chamado "passaporte da vacina", também a partir desta quarta, para participantes de eventos com público presencial estimado em mais de 500 pessoas. Bares, restaurantes e lanchonetes, porém, não precisam do comprovante na cidade.

Por volta das 10h40, a reportagem foi até a padaria Maria Cereja, na região do Bosque Maia, no centro de Guarulhos, onde foi informada por um atendente sobre a obrigatoriedade de comprovar a vacinação, de ao menos uma dose, contra o coronavírus para entrar no estabelecimento.

"Mas como hoje [quarta] é o primeiro dia [que a lei entrou em vigor], dá para entrar [sem provar a vacinação], pois não houve muita divulgação sobre isso. Mas, a partir de amanhã [quinta], se não provar que tomou vacina, não entra", explicou o funcionário.

Cartaz informa clientes sobre a obrigatoriedade de se provar estar vacinado contra a Covid-19 para entrar em padaria na região central de Guarulhos (Grande SP). A medida passou a valer a partir desta quarta-feira (1º) - Danilo Verpa/Folhapress

O proprietário da padaria, Said Aurabi, reforçou ao Agora a explicação de seu funcionário, afirmando que a prefeitura autorizou o estabelecimento a liberar a entrada de pessoas sem o comprovante de vacina nesta quarta, mas basicamente para orientar que isso não será mais possível a partir desta quinta.

Ele disse ainda que, apesar de ter sido informado sobre a medida, parte de seus clientes, porém, não estava sabendo sobre a obrigatoriedade de se provar a vacinação para entrar no comércio.

Apesar disso, vários clientes provaram estar vacinados, com ao menos uma dose contra a Covid-19, usando basicamente aplicativos de celular, como visto pela reportagem.

"A maioria das pessoas está colaborando. Mostram no celular que tomaram vacina. Mas algumas nem querem ouvir sobre a lei e já vão entrando, sem mesmo deixar a gente aferir a temperatura. Mas são exceções", afirmou o recepcionista Geovane Campos.

Além da orientação dos funcionários, a padaria da região central de Guarulhos também afixou cartazes informando sobre a nova medida.

Descumprindo as regras

Além de padarias, segundo a gestão Gustavo Henric Costa (PSD), o Guti, devem exigir a comprovação de vacinação, para que clientes entrem em seus ambientes, restaurantes, academias, bares, cafés, lanchonetes, cinemas, teatros, museus e shows.

Uma lanchonete ao lado da praça Getúlio Vargas, ainda no centro de Guarulhos, estava com as portas escancaradas e sem nenhum tipo de controle de entrada.

Um funcionário afirmou que não estava sabendo da obrigatoriedade da vacina para entrar em comércios como o em que ele trabalha. "Entre nós aqui, isso aí não vai vingar. Fizeram a lei aí e eu nem tô sabendo e ninguém que entrou aqui na lanchonete hoje [quarta] também", afirmou.

Em frente ao bar, sentado em um banco da praça, o vitrinista Kelvin Ferri, 21 anos, esperava um amigo, para que ambos fossem almoçar no centro de Guarulhos. Ele não sabia que a partir desta quarta passou a ser obrigatório na cidade comprovar a imunização para entrar em alguns tipos de comércio.

"Eu sabia que isso ira acontecer mas, de boa, a data nunca ficou bem clara. Estou sabendo que começou hoje [quarta] porque você [reportagem] está me falando", admitiu.

Por volta das 16h20 desta quarta, Ferri enviou uma mensagem à reportagem afirmando que não lhe foi solicitado o passaporte da vacina no restaurante onde almoçou, perto da igreja matriz, ainda na região central.

Funcionário de padaria, no centro de Guarulhos, pede a consumidor que mostre comprovante de vacinação contra a Covid-19, na manhã desta quarta-feia (1º), no centro da cidade da Grande São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

A reportagem percorreu ainda o calçadão da rua Dom Pedro 2º, famoso ponto comercial da cidade, onde não foi constatado nenhum tipo de controle de acesso em lanchonetes, bares e restaurantes.

A Prefeitura de Guarulhos afirmou que, em uma primeira visita, a fiscalização visa educar e não punir os comércios. "A exigência [do comprovante] deve ser encarada como um incentivo à vacinação", diz trecho de nota.

A gestão Guti acrescentou realizar campanhas pela internet e em parceria com sindicatos de comerciantes da cidade, para informar sobre o passaporte da vacina.

"Até o momento, todos os estabelecimentos visitados pela fiscalização estão seguindo as determinações e estão cientes que posteriormente, não atendendo à medida, estarão sujeitos às penalidades previstas", diz ainda a prefeitura. Denúncias podem ser feitas pelos números 153 ou 2453-6700/6701/6705.

Capital paulista

Apesar de ainda fechado às 8h desta quarta-feira, o shopping Frei Caneca, no centro da capital paulista, foi acessado por participantes do primeiro evento em que o passaporte da vacina passou a ser obrigatório na cidade.

Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), eventos com público estimado em mais de 500 participantes presenciais precisam exigir o comprovante de vacina, com ao menos uma dose contra a Covid-19, a partir desta quarta-feira.

Para participar presencialmente dos eventos Connected Smart Cities e Air Connected, iniciados nesta quarta e que ocorrem até quinta (2), os participantes precisaram fazer um pré-cadastro na internet, onde foram informados sobre a obrigatoriedade de comprovar a vacinação contra o coronavírus.

"Mesmo antes de a Prefeitura de São Paulo anunciar a obrigatoriedade de comprovar a vacinação, isso já estava incluído em nossos protocolos para o evento", afirmou Paula Faria, uma das responsáveis pela organização do evento.

Mulher faz exame rápido de covid para participar de evento, na manhã desta quarta-feira (1º), no shopping Frei Caneca, no centro da capital paulista - Danilo Verpa/Folhapress

Ela acrescentou ainda que o modelo híbrido de eventos "veio para ficar". "Além do público presencial, temos participantes de todo o Brasil, que acompanham tudo pela internet".

Paula afirmou que o público total estimado do evento, incluindo o remoto, é de 3.000 pessoas. Já o presencial, estimado para os dois dias na capital paulista, é de 600 para cada dia.

Além de comprovar a vacinação, todos os participantes precisaram fazer um teste rápido para a Covid-19, após o qual, com o resultado negativo, puderam acompanhar palestras e fazer negócios. Até a publicação desta reportagem, a organização não havia informado sobre eventuais casos positivos para o vírus.

Segundo a organização do evento, pessoas de praticamente todas as regiões do país, com exceção da Norte, tiveram representantes presenciais no evento nesta quarta.

Uma delas é a arquiteta Marina Nicácio, 29 anos. Vinda direto de Vitória da Conquista (BA), ela afirmou que o evento na capital paulista a ajudará a ampliar contatos e ideias com relação às melhorias que pode proporcionar à sua cidade de origem.

Ela acrescentou se sentir segura, com as regras sanitárias para a realização do evento, destacando ter observado as ruas da capital paulista mais cheias de gente, desde a última vez em que esteve na cidade, há cerca de dois meses.

"Também notei que aumentou, principalmente no centro, o número de gente em situação de rua. Isso é muito triste e preocupante."

Com mais de 300 palestrantes, o evento propõe a reflexão sobre como tornar as cidades brasileiras mais desenvolvidas, inteligentes e conectadas.

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