SP vai às escolas para tentar acelerar vacinação de adolescentes

Imunização contra Covid-19 nas redes municipal e estadual na capital deve começar nesta quinta (25), segundo secretário

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São Paulo

A cidade de São Paulo vai às escolas, a partir desta quinta-feira (25), para vacinar adolescentes e tentar acelerar a imunização de jovens de 12 a 17 anos contra a Covid-19.

A estratégia foi discutida em reunião na tarde da última segunda-feira (23) na Secretaria Municipal da Saúde para que os adolescentes completem o ciclo de vacinação.

Segundo boletim divulgado pela pasta na segunda, apenas 36,3% dos menores de idade voltaram aos postos para tomar a segunda dose.

Preparação de vacina contra a Covid-19 em unidade de saúde em Santa Cecília, na região central de São Paulo - Danilo Verpa - 16.nov.21/Folhapress

De acordo com o próprio documento, 105% do público esperado entre 12 e 17 anos foi imunizado com a primeira dose. Entretanto, quase 585 mil adolescentes, que já poderiam estar com o ciclo completo de vacinação na cidade de São Paulo, ainda não tomaram a segunda dose.

Atualmente, a vacinação aos domingos é feita em parques públicos para tentar atrair o público mais jovem, mas isso não tem sido suficiente.

"Vamos iniciar nesta quinta-feira a vacinação nas escolas. Vamos fazer nas municipais e estaduais", afirmou o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, ao Agora.

Pela manhã, durante a inauguração de uma UBS (Unidade Básica de Saúde) no Jardim Aeroporto, na zona sul, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que será preciso estar com o responsável no momento da vacinação ou levar uma autorização.

Segundo Aparecido, a vacinação nas escolas deverá ocorrer em dois dias por semana para que pais possam se organizar para acompanhar os filhos ou mandar uma autorização. Os detalhes da logística da vacinação nos colégios ainda não foram informados pela pasta.

"As escolas também precisam se planejar, assim como as equipes dos postos de saúde", disse Aparecido.

Adolescentes de 12 a 17 anos podem receber apenas doses do imunizante da Pfizer conta a Covid-19, que inicialmente tinha a aplicação da segunda dose após 12 semanas. Porém, a Secretaria Municipal de Saúde anunciou no dia 24 de setembro a redução desse intervalo para oito semanas, ou seja, 56 dias. E na semana passada, o governo federal reduziu o intervalo para 21 dias.

A secretaria tem dito que as mudanças nas datas podem ter confundidos pais e adolescentes. Isso porque o cartão de vacinação aponta o retorno para 12 semanas. Mesmo assim, todos os jovens a partir de 12 anos já poderiam ter concluído o ciclo de vacinação a partir de 6 de fevereiro, mesmo com o prazo mais longo.

Os laboratórios Pfizer e BioNTech divulgaram nesta segunda (22) que sua vacina contra Covid-19 teve 100% de eficácia em jovens de 12 a 15 anos, após quatro meses de ensaio clínico de fase três (em que são comparados os resultados em voluntários que são tratados com o fármaco e em outros que recebem placebo).

No último dia 10, Nunes afirmou que a cidade pode liberar o uso de máscara em locais abertos a partir de 5 de dezembro, desde que a vacinação esteja completa na cidade. Entre os adultos, com 99,4% de vacinados com as duas doses, a meta está perto de ser atingida. O problema é com os adolescentes.

Importância

O médico sanitarista e professor de saúde pública do Centro Universitário São Camilo, Sérgio Zanetta, destacou a importância dos jovens e adolescentes aderirem à campanha de vacinação.

"A completa vacinação de adolescentes é uma das etapas fundamentais da proteção contra Covid-19. Eles têm grande mobilidade e presença nas famílias, e chegar a vacina é um elemento importante para controle da pandemia", diz o especialista, que ressalta a necessidade do poder público fazer mais campanhas de incentivo.

"Não basta tomar decisões administrativas, é preciso haver ações dirigidas a essa população. Tenho certeza que é uma questão de oportunidade e acesso", afirma Zanetta.

"Eles estão presencialmente nas escolas hoje e pode ter sido quebrado um espaço de comunicação. É preciso refazer isso com campanhas, como na internet e redes sociais. Rapidamente eles aderem, assim como foi na primeira dose", completa.

Já o médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Gonzalo Vecina, diz que o poder público deve ampliar a ação. "A medida é aumentar a oferta e aplicação das vacinas. A vacinação de jovens e, espero, logo a seguir, de crianças, é vital para proteger toda a população", afirma.

​Líder do Departamento de Infectologia do Hcor, de São Paulo, Guilherme Furtado, lamenta a baixa adesão e se preocupa com a disseminação da Covid-19.

"É um dado preocupante. Temos um número elevado de vacinas aplicadas diariamente, mas o poder público tem dificuldade de abordar o grupo de adolescentes, talvez pela dificuldade em entrar em contato com essa população", diz Furtado. "Quanto mais pessoas vacinadas, maior a chance de evitar a disseminação de novas cepas do vírus, e por isso a importância dos adolescentes aderirem a campanha", afirma o médico.

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