Filha de casal e namorada confessam participação em assalto, mas não em mortes
Afirmação é de advogado de defesa das duas suspeitas de participação no assassinato de família
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O advogado Lucas Domingos afirmou que Ana Flávia Menezes Gonçalves, 24, e a namorada dela, Carina Ramos, 31, confessaram à polícia nesta quarta-feira (5) a participação no planejamento do roubo, mas negaram envolvimento nos assassinatos da família encontrada carbonizada na madrugada do último dia 28, em São Bernardo do Campo (ABC).
As duas, que chegaram ao COI (Centro de Operações Integradas) de São Bernardo no início da tarde, só deixaram o local por volta de 21h30. Ana Flávia, que é filha do casal morto e irmã do adolescente encontrado no carro da família em chamas, e Carina estão presas desde o dia 29 em celas separadas na carceragem do 7º DP.
“Elas confessaram ter ajudado no planejamento do assalto, uma confissão em parte. Mas em relação às mortes, realmente extrapolou", afirmou o advogado, em referência ao depoimento dado por Juliano Oliveira Ramos Júnior, 22, preso na noite de segunda-feira.
Segundo o preso, que é primo de Carina, as duas autorizaram o assassinato de Romuyuki Gonçalves, 43, da mulher dele, Flaviana, 40, e do filho do casal, Juan, 15.
Ramos Junior afirmou à polícia que Carina e Ana Flávia revelaram que a família guardava R$ 85 mil em um cofre, no condomínio Morada Verde, em Santo André (ABC). Foi aí que o grupo arquitetou um assalto à casa, no dia 27, com ajuda de outros comparsas.
Após torturar pai e filho e descobrirem que não havia a quantia em dinheiro dentro do imóvel, os bandidos decidiram matar as três vítimas com o aval da filha e da namorada, sempre de acordo com o depoimento do preso. O objetivo seria pegar uma suposta herança.
Versões
Esta é a terceira versão que as suspeitas apresentam para o crime. Primeiro, logo após a descoberta dos corpos, elas disseram em depoimento à polícia que a família teria sido morta por uma dívida de R$ 200 mil com agiotas.
Dias depois, Carina disse que a morte das vítimas havia ocorrido após um assalto à casa arquitetado pelo primo dela, Ramos Junior, e que não tinham revelado nada antes porque tinham sido ameaçadas pelo rapaz.
Agora, as duas assumem que participaram do assalto, mas negam qualquer ligação com a morte de pai, mãe e filho.
Mais três
A polícia investiga a provável participação de mais três pessoas no crime. Por volta das 20h desta quarta-feira, uma menor de idade foi levada pela Polícia Militar até o COI, e outras duas pessoas chegaram em uma viatura da Polícia Civil.
O capitão Fernando Ricardo Carvalho, da PM, afirmou que uma denúncia anônima indicou uma casa em que estariam objetos levados da casa da família carbonizada. Eles foram ao local, que fica próxima à casa de Ramos Júnior, em Santo André, e encontraram com uma adolescente de 14 anos joias e dinheiro. Ela foi encaminhada ao COI, acompanhada pela mãe, para prestar depoimento.
A polícia não informou porque as outras duas pessoas foram levadas até a delegacia.
Até esta quarta-feira (5), cinco pessoas haviam sido presas e uma outra estava sendo investigada, por ter supostamente ajudado o bando a fugir do local onde os corpos foram encontrados.
Se confirmada a investigação, nove pessoas teriam participado do crime.
Ana Flávia e Carina também teriam sido levadas ao COI para fazer o reconhecimento de Michael Robert dos Santos, um dos suspeitos que está preso temporariamente desde terça.
O delegado Paul Henry Bozon disse que a foto usada para o reconhecimento de Michael "destoa um pouco" com o perfil do suspeito.
Os outros dois presos são Ramos Júnior e Guilherme Ramos da Silva.
O crime
A família foi rendida na noite do dia 27 em casa, em um condomínio de Santo André. Seus corpos foram encontrados no porta-malas do carro em chamas da família, um Jeep Compass, na madruga seguinte, na estrada do Montanhão, em São Bernardo.
Um laudo preliminar do Instituto Médico Legal indicou que pai, mãe e filho foram mortos em decorrência de pancadas na cabeça. O primo de Carina, porém, afirmou que os dois homens foram assassinados por asfixia.
A casa foi encontrada toda revirada pela polícia. E a perícia achou marcas de sangue, inclusive nas calças de Ana Flávia, que havia sido lavada.
A reportagem não conseguiu falar com a defesa dos demais detidos até a conclusão desta reportagem.