Preso confessa crime e diz que filha e namorada autorizaram morte de família no ABC

Eles queriam roubar o cofre da casa, mas como não havia dinheiro, resolveram matar vítimas

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São Paulo

Preso acusado de envolvimento na morte de uma família encontrada carbonizada, no dia 28, em São Bernardo (ABC), Juliano Oliveira Ramos Junior, 22 anos, disse em depoimento que a filha do casal, Ana Flávia Menezes Gonçalves, 24, e a namorada dela, Carina Ramos, 31 anos, autorizaram o assassinato de Romuyuki Gonçalves, 43, seu filho Juan, 15, e a mulher, Flaviana, 40.

Além de Ramos Junior, Ana Flávia e Carina, outras duas pessoas estão presas, identificadas como Michael e Guilherme.

Segundo a polícia, Ramos Junior, que é primo de Carina, contou que ela e Ana Flávia disseram que a família guardava R$ 85 mil em um cofre, no condomínio Morada Verde, em Santo André (ABC). A partir disso, Ramos e as duas combinaram um assalto à casa, no dia 27. 

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Ana Flávia Menezes Gonçalves, 24 anos (à esq.) e Carina Ramos, 31, presas na quarta-feira (29) em São Bernardo do Campo (ABC). Elas são suspeitas de envolvimento no assassinato do comerciante Romuyuki Gonçalves, de mulher dele, Flaviana Gonçalves, e do filho Juan Gonçalves, no último dia 28. - Reprodução/Instagram

Para simular o roubo, Ramos Junior e dois comparsas (Michael e Guilherme) chegaram à casa da família em um Fiat Palio, no mesmo momento que Carina e Ana Flávia. No imóvel, anunciaram o assalto.

Ainda de acordo com o depoimento, os criminosos colocarem um saco na cabeça do adolescente e o espancaram, para que o pai informasse a senha do cofre. 

No entanto, Romuyuki não sabia a senha e, por isso, segundo o depoimento, os suspeitos decidiram esperar a chegada de Flaviana.

A empresária chegou em casa pouco tempo depois e foi rendida pelos ladrões. Ramos Junior relata que ela abriu o cofre, mas estava vazio. Por conta disso, segundo a polícia, ele e os comparsas resolveram matar a família, com a concordância de Ana Flávia e Carina.  

Ana Flávia teria indicado que irmão fosse morto primeiro, para que a herança da família ficasse para ela, contou Ramos Junior. As suspeitas teriam, segundo a polícia, prometido dividir a herança com os comparsas. O pai foi morto em seguida. Ambos teriam sido asfixiados, segundo o depoimento, contrariando laudo do IML que afirma que as vítimas foram mortas com pancadas na cabeça. 

Enquanto pai e filho eram mortos, Flaviana foi mantida amarrada e vendada, ainda de acordo com o depoimento do primo de Carina. 

Após isso, os dois corpos foram colocados no porta-malas do Jeep Compass das vítimas. O veículo saiu do condomínio, seguido pelo Fiat Palio de Ana Flávia e Carina. Flaviana estava no Jeep. O suspeito não informou quem dirigia o veículo. 

Após isso, os dois corpos foram colocados no porta-malas do Jeep Compass, que saiu do condomínio, sendo seguido pelo Fiat Palio. Flaviana estava no Jeep

Após comprar combustível, os cinco suspeitos foram até a estrada do Montanhão, onde os corpos foram encontrados carbonizados. Segundo Ramos Junior, Carina teria matado Flaviana neste local. A forma não foi informada.

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, Ramos Junior foi condenado em 7 de novembro de 2015 por roubo. O Agora não conseguiu contato com a defesa dele até a publicação desta reportagem.

Vídeo feito pela polícia mostra a casa da família totalmente revirada.

Namorada se passou por vítima

Segundo a polícia, Carina se vestiu com as roupas de Flaviana para deixar o condomínio dirigindo o Jeep, sem chamar a atenção. De acordo com o depoimento de Ramos Junior, Flaviana estava no banco traseiro.

"Os depoimentos [dos suspeitos] detalham o terrível nível de maldade [de Carina], que se vestiu com as roupas de Flaviana, para dirigir o Jeep e não ser notada [por testemunhas]", afirmou o delegado Paul Henry Bozon Verduraz, titular da Delegacia de Investigações Criminais de São Bernardo do Campo (ABC).

No primeiro momento, após depoimento do porteiro do condomínio, a polícia acreditava que Flaviana havia sido obrigada a dirigir o Jeep com os corpos de Romuyuki e Juan, o que foi negado nesta terça. (AH)

Polícia ainda investiga sexto suspeito

O delegado Verduraz acrescentou que a polícia investiga um sexto suspeito de envolvimento no crime. Ele teria ido à estrada do Montanhão, em São Bernardo do Campo (ABC) com um carro, para ajudar o bando a fugir.

O delegado diz que ainda busca novas provas para ver qual das versões dos depoimentos dos suspeitos sobre o crime é verdadeira.

Guilherme foi detido em Avanhandava (472 km de SP). De acordo com a polícia, na casa dele foram encontrados o videogame de Juan e o aparelho de TV que eles roubaram da família.

Guilherme já foi ouvido pela polícia. Michael ainda seria ouvido nesta terça, de acordo com o delegado.
As prisões dos três suspeitos, de 30 dias, ocorreram entre a noite de segunda (3) e a tarde desta terça.

Além disso, ainda segundo a polícia, uma arma de fogo, ilegal, foi encontrada com Guilherme. Ele foi indiciado por porte ilegal de arma de fogo. 

Resposta

Lucas Domingos, que defende Ana Flávia e Carina, afirma que suas clientes são inocentes. Na segunda-feira (3), elas decidiram permanecer em silêncio durante depoimento à polícia

Domingos diz estudar o inquérito policial para se manifestar futuramente.

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