É quase impossível encontrar uma boa explicação para o fato de o governo Jair Bolsonaro (PSL) esconder os estudos que ajudaram a criar a proposta de reforma da Previdência.
Com base na Lei de Acesso à Informação, a Folha de S.Paulo pediu ao Ministério da Economia os documentos sobre o projeto que muda o sistema de aposentadorias e está em debate na Câmara dos Deputados.
O acesso à papelada, porém, foi negado. O ministério decretou sigilo: alegou que os documentos só podem ser consultados por certos servidores e autoridades.
Ora, a reforma da Previdência afeta diretamente milhões de trabalhadores e aposentados. Na prática, interessa a todos os brasileiros.
A verdade é que não precisava nem pedir: o governo tem a obrigação de divulgar e detalhar todas as informações sobre o assunto. Esses dados devem estar disponíveis para que a sociedade possa avaliar os motivos das mudanças na Previdência.
Não é à toa que lideranças da Câmara já pretendem derrubar esse sigilo assim que o projeto chegar à comissão encarregada de examinar o mérito.
As falhas de comunicação sobre a reforma são enormes. Embora 68% dos brasileiros afirmem ter conhecimento da proposta, apenas 17% se dizem bem informados, segundo pesquisa Datafolha.
Desse modo, pode ficar mais difícil o projeto andar no Congresso. Sem falar do apoio da população: afinal, como o governo quer convencer os brasileiros de que a “nova aposentadoria” é importante para o país se não explica tudo direitinho?
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.