A farra dos trens

Onze empresas vão ter de pagar caro por participarem de um dos maiores casos de cartel (conluio para combinar preços) já investigados no país.

Estação Tucuruvi, da linha-1 azul do metrô de São Paulo - Rivaldo Gomes - 5.set.14/Folhapress

Nesta segunda (8), elas foram condenadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por driblarem as regras para assumir obras em quadro estados, entre 1998 e 2013. 

A farra criminosa se concentrou em São Paulo, com projetos para trens e metrô, e começou a ruir em 2010, quando foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo. Três anos mais tarde, a Siemens decidiu fechar um acordo com o Cade e o Ministério Público Federal. 

A partir daí, a empresa alemã relatou crimes supostamente cometidos por ela, outras 15 empresas e mais de uma centena de funcionários. 

A maracutaia tinha como objetivo montar associações ilegais e fraudar licitações. E envolveu uma grana pesada: R$ 12,2 bilhões em contratos. 

A Siemens se salvou de ser punida por ter contado o que sabia. Cinco acusadas escaparam por outros motivos, como a falta de provas. As demais, as 11 punidas, receberam R$ 515 milhões em multas. 

O Cade cuida só da parte de concorrência. Também atua no caso o Ministério Público, que apresentou pelo menos 14 denúncias relacionadas ao esquema. Mas só no ano passado surgiram as primeiras condenações na Justiça. Esse ritmo lembra o de obras do metrô: lento. 

Até aqui, nenhum político foi punido. Na época das ilegalidades, o estado foi governado por Geraldo Alckmin, José Serra e Alberto Goldman, do PSDB. 

Hoje, o estado está nas mãos do também tucano João Doria, que com os escândalos tem facilitada a tarefa de conseguir o domínio do partido. 

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