Depois que a Operação Lava Jato escancarou esquemas de corrupção envolvendo empreiteiras, a resposta do mundo político foi proibir as doações de empresas às campanhas eleitorais.
Afinal de contas, a Odebrecht, a OAS eram grande financiadoras de políticos, o que ajudava a conseguir contratos superfaturados com estatais.
A solução encontrada, porém, não foi das melhores. Em 2017, o Congresso criou um fundo com grana do Orçamento —isto é, de todos os contribuintes— para bancar as eleições. O que já não era uma boa ideia pode piorar agora.
Para surpresa de ninguém, os parlamentares estão querendo aumentar o tal fundo, de R$ 1,7 bilhão, valor do ano passado, para R$ 3,7 bilhões nas disputas municipais que ocorrerão em 2020.
Parece até que o governo está nadando em dinheiro —e não segurando gastos em educação, saúde, transportes, habitação e outras prioridades.
Basear a eleição em um fundo do Orçamento traz outros problemas. Num país onde muitos partidos são criados apenas para arrancar dinheiro do poder público, esse modelo deixa os caciques ainda mais poderosos. Eles é que determinam quem vai ter mais grana para conseguir um mandato.
Existem ainda fraudes como as descobertas no PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, que lançou candidatas de fachada para desviar verbas eleitorais.
É claro que uma campanha precisa de recursos para a divulgação de propostas à população. Mas não parece que isso esteja faltando no Brasil. Basta lembrar a disputa presidencial de 2014, quando uma fortuna foi gasta não para esclarecer, mas para confundir os eleitores e negar a crise que já havia começado.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.