Cerca de 80 milhões de brasileiros têm hoje de zero a 25 anos de idade. Isso significa que quase 4 de cada 10 habitantes do país nasceram em tempos de inflação baixa ou pelo menos sob controle —uma raridade na história nacional.
Os um pouco mais velhos certamente se lembram de uma época em que a moeda não valia nada. Para se ter uma ideia, antes da chegada do real, em 1º de julho de 1994, a inflação acumulava nada menos que 4.922% em 12 meses.
Atualmente é até difícil imaginar o que isso significa. Dá uma média de 38,6% por mês, ou 1,08% ao dia (incluindo sábados, domingos e feriados). Em uma semana, os preços subiam, em média, o que agora levam dois anos para subir.
Essa calamidade havia começado nos anos 1980, quando o Brasil perdeu as condições de pagar suas dívidas com estrangeiros. Sem grana, o governo precisava imprimir dinheiro para pagar as contas, a inflação disparava.
Vários planos econômicos mudavam o nome da moeda (cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro real) e tentavam congelar os preços, os salários e os contratos, mas nada dava certo.
O Plano Real funcionou porque seus formuladores conseguiram apoio político e aprenderam com os erros do passado. Deram um jeito nas contas do governo, negociaram a dívida e permitiram mais importações (a competição ajudava a baratear os produtos brasileiros).
Hoje o país está na pindaíba, porque o governo Dilma Rousseff (PT) achou que podia gastar dinheiro sem limite. Mas a situação nem de longe é tão ruim quanto a dos tempos de hiperinflação.
A lição é que não existe mágica: um sucesso duradouro depende de disciplina, persistência e também de sacrifícios.
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