Na base da pressão

O exercício da democracia não se resume a votar de dois em dois anos. Cabe aos eleitores exigir e fiscalizar; apontar os malfeitos ou o que não está funcionando como deveria.

Pois os pais, professores e estudantes da escola municipal Celso Leite Ribeiro Filho, no centro da capital, deram recentemente um exemplo de cidadania.

Desde 2017 esse grupo já vinha cobrando a diretoria de ensino da região por problemas de acessibilidade enfrentados pelos alunos especiais, principalmente os cadeirantes. De lá para cá, quase nada havia sido resolvido.

Há cerca de um ano, contam os pais, o carro escalador que levava os cadeirantes aos andares superiores quebrou. De forma humilhante e desrespeitosa, esses estudantes tinham que ficar no pátio, isolados, sem subir para assistir às aulas.

O jogo começou a mudar após a comunidade escolar procurar o Agora e enviar fotos e vídeos dos alunos no pátio.

Avisado por assessores, o secretário municipal da Educação, Bruno Caetano, afirmou à reportagem que iria ao colégio já no dia seguinte. "Achei tudo completamente absurdo", reconheceu.

Na escola, o secretário do prefeito Bruno Covas (PSDB) disse que havia dinheiro em caixa e que essa grana já poderia ter sido utilizada. Ele prometeu criar, em breve, rampas de acesso e instalar elevadores.

Alguns dias depois, o carro escalador finalmente voltou a funcionar.

Neste caso, pouco importa se as responsabilidades são da escola, da secretaria ou de ambos. Os pais cobravam a solução havia meses, mas o desfecho veio apenas após o alerta ao Agora e a visita de uma autoridade. Infelizmente, o poder público muitas vezes só cumpre as suas obrigações sob pressão.

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