De modo geral, muita gente acredita que o poder público exagera na fiscalização eletrônica de trânsito como forma de aumentar a arrecadação. É a chamada "indústria da multa", suposta manobra mal-intencionada e criticada até pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A maioria dos especialistas não pensa assim. Os radares, fixos ou móveis, inibem abusos e são eficientes para flagrar os maus motoristas. Vale a máxima: quem cumpre as lei de trânsito não precisa se preocupar com isso.
Se é inegável que os radares em avenidas e estradas ajudam a colocar os motoristas na linha, prefeituras e governos também têm as suas obrigações. A sinalização nas vias --de velocidade, rodízio ou qualquer outra orientação-- deve ser clara e visível, sem pegadinhas.
Em São Paulo, o radar mais polêmico da cidade --e campeão de multas por anos-- finalmente perdeu o posto. No primeiro semestre de 2019 houve uma queda de 56% no total de infrações aplicadas em relação ao mesmo período do ano passado (20.654, ante 47.057).
O equipamento fica na marginal Tietê, sentido Castello Branco, próximo à alça de acesso à ponte das Bandeiras. A conversão à direita é proibida das 6h às 10h, à exceção de táxis e ônibus.
O problema é que a placa de sinalização ficava muito próxima à alça --os condutores reclamavam que só descobriam a proibição quando já tinham acessado a via. A CET reconheceu a falha, instalou novas sinalizações e reposicionou o radar, facilitando a sua visualização.
A redução de mais da metade das multas aplicadas ali indica que esses motoristas de fato tinham razão. Como se vê, o caminho para um trânsito mais civilizado é uma via de mão dupla.
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