A fila por uma vaga na creche é um problema que se arrasta há tempos em São Paulo. No final de setembro, eram mais de 75 mil crianças de zero a 3 anos aguardando uma colocação.
Esse déficit não é exclusividade da gestão Bruno Covas (PSDB): os prefeitos Gilberto Kassab (hoje no PSD), Fernando Haddad (PT) e João Doria (PSDB) encerraram seus mandatos sem conseguir ofertar o número de vagas necessárias.
Sem lugar no serviço público, famílias com condições pagam por creches particulares. Já as mais pobres deixam os filhos sob responsabilidade de parentes ou amigos —alguns pais também acabam desistindo de trabalhar ou estudar.
Diante desse cenário, é positivo que a prefeitura esteja interessada em comprar vagas diretamente de creches particulares. De forma emergencial e provisória, a cidade pagará R$ 727 mensais a unidades privadas para que recebam os pequenos que estão na fila. As famílias mais carentes deverão ter prioridade.
Além das unidades próprias, a prefeitura contrata creches terceirizadas, geridas por Organizações Sociais (OSs). Esses contratos precisam melhorar: reportagens revelaram a existência de uma máfia que desviava verbas das unidades e cobrava da prefeitura aluguéis superfaturados, entre outras irregularidades.
É importante também ampliar a fiscalização para evitar que operar uma creche nesse modelo seja uma forma lucrativa de desviar dinheiro público, prejudicando o atendimento aos menores.
É sabido que investir na primeira infância reduz desigualdades e melhora o nível educacional de alunos. Cabe aos gestores públicos criar maneiras de ampliar o número de vagas e não deixar que essas crianças fiquem para trás.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.