O presidente Jair Bolsonaro decidiu deixar o PSL para fundar um novo partido, a Aliança pelo Brasil. O manifesto de fundação da legenda não fala nada sobre a abertura da economia, geralmente associada a seu governo.
Não é à toa. Em sua longa vida partidária (oito siglas até aqui), Bolsonaro nunca defendeu reformas. A adesão de economistas de linha mais liberal à sua equipe serviu principalmente como fiadora de sua aventura presidencial.
Na prática, esses textos não significam lá muita coisa. A Aliança tem em seu programa apenas a identificação com a liderança do presidente e a sua polêmica agenda de costumes.
Para Bolsonaro, é o que basta. Malsucedido na tentativa de tomar para si o PSL que o hospedou para a campanha de 2018, o presidente embarcou no primeiro projeto de partido no Brasil criado exclusivamente para uma família.
Mas, para disputar a eleição municipal do ano que vem, a Aliança tem menos de cinco meses para obter registro no Tribunal Superior Eleitoral. Não será fácil recolher as assinaturas necessárias.
A jogada de Bolsonaro deve dividir ainda mais o quadro partidário no Congresso —hoje há nada menos que 25 partidos na Câmara dos Deputados, nenhum deles dominante em termos de bancada.
O antes nanico PSL tem hoje 53 deputados e é o segundo maior após o PT. Aliados do presidente especulam que a Aliança terá cerca de 30 nomes na Casa. Não é exatamente animador se pensarmos em encaminhamento de propostas do governo ou para defender o Planalto em CPIs e convocações, por exemplo.
Não será com um partido mediano e radical que Bolsonaro terá vida fácil do outro lado da praça dos Três Poderes.
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