Pobre Venezuela

Em mais uma demonstração de autoritarismo e truculência, o ditador Nicolás Maduro jogou baixo, no domingo (5), para desmoralizar a eleição do novo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o Legislativo do país vizinho.

No ano passado, o posto foi ocupado pelo deputado de oposição Juan Guaidó, que se autoproclamou líder interino da Venezuela após o Parlamento não reconhecer a eleição vencida por Maduro --marcada por fraudes e perseguições-- e declarar a Presidência vaga.

Nesse caso, a Constituição venezuelana determina que o presidente da Casa assuma o poder temporariamente até a realização de novas eleições. 

A fim de evitar uma provável recondução de Guaidó ao cargo, Maduro utilizou até a Guarda Nacional Bolivariana para impedir que ele e outros deputados contrários ao regime entrassem na assembleia e participassem da sessão.

O líder oposicionista chegou a subir na grade que cerca a assembleia, mas acabou impedido pelos agentes.

Com a votação esvaziada, não poderia ser diferente: Luis Parra, um dissidente da oposição, venceu sob o patrocínio de Maduro. Não bastasse a violência, ainda há dúvidas se a sessão que o elegeu tinha quórum suficiente para ocorrer.

A manobra foi condenada em todo o mundo, inclusive pelo Brasil. O fato é que a política da Venezuela fica ainda mais caótica. Já Guaidó, além de incapaz de tirar Maduro do poder, agora corre o risco de perder posição para Luis Parra.

Enquanto a luta pelo poder se desenrola, os venezuelanos seguem mergulhados na miséria, na fome e na falência dos serviços públicos. Para se apegar ao poder, Maduro impõe uma violência inimaginável ao seu próprio povo.

O líder opositor Juan Guaidó tenta passar pela barreira policial para entrar na Assembleia Nacional da Venezuela - Federico Parra/AFP

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