Devagar, quase parando

Entra prefeito, sai prefeito, e o transporte público na cidade de São Paulo continua longe do ideal. Quem anda de ônibus, por exemplo, costuma reclamar do longo intervalo entre dois coletivos da mesma linha, o que atrasa ainda mais a chegada até o destino.

A baixa velocidade média dos ônibus, principalmente nos horários de pico, é um dos principais vilões em um sistema que atende 9 milhões de passageiros por dia. Toda nova gestão promete, sem sucesso, melhorar esse desempenho.

Reportagem publicada no Agora mostrou que a velocidade média estacionou em torno de 16 km/h a partir de 2017. Nós últimos dez anos, oscilou entre 15 e 17 km/h nos picos da manhã e da tarde.

O trânsito carregado é o maior inimigo do passageiro de coletivos. A solução, mais do que conhecida, está nos corredores e faixas exclusivas. Não há um prefeito que não prometa ampliar a malha dessas vias separadas, mas ela ainda avança a passos de tartaruga. 

A atual gestão, de Bruno Covas (PSDB), prevê apenas mais 38 km para somar aos atuais e insuficientes 512 km. Desse total, só 130 km são de corredores separados, juntos ao canteiro central da via. Esse modelo acelera o fluxo dos ônibus porque evita que disputem espaço com carros que fazem conversões à direita. Nos mais estruturados, porém mais caros, a velocidade média pode atingir 40 km/h.

De fato, o eterno conflito com os automóveis é um grande obstáculo para os coletivos. Em algum momento, São Paulo terá de considerar a polêmica ideia de criar pedágios urbanos para desestimular os trajetos feitos de carro.

Ainda que isso vire realidade, jamais eliminará a necessidade de ampliar as redes de trem e metrô e os corredores.

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