A reabertura paulista

Parece ir no caminho certo o governo paulista ao anunciar a abertura gradual, a partir de 11 de maio, das atividades paralisadas por conta da pandemia.

A proposta é semelhante à adotada para retomar a circulação de pessoas em países como França e Alemanha, em fase mais adiantada da passagem da doença.

Não será uma jornada fácil. A saída organizada implica o convívio com a doença, monitorado e administrado, por um longo período. As atividades devem ocorrer de forma que não ameacem esgotar a capacidade do sistema de saúde.

Embora o plano da gestão João Doria (PSDB) ainda careça de detalhes --a promessa é divulgá-los em 8 de maio--, a principal dúvida é se haverá capacidade técnica e de organização das autoridades para um programa tão complexo.

Um gargalo para executá-lo é o pouco conhecimento da realidade da infecção no Estado, principalmente pela baixa quantidade de pessoas testadas. Por causa da alta letalidade (8%), estima-se que o número de casos seja muito maior --até quinta-feira (23), eram 16.740 registros oficiais, com 1.345 mortes.

Em países onde se fazem muitos testes, como Alemanha, Chile e Coreia do Sul, essa proporção entre casos registrados e mortes é bem menor: de 1% a 3%.

Por enquanto, o total de exames realizados é escasso. Aplicaram-se até agora menos de 1.000 testes por milhão de habitantes. No Chile são 4.800/milhão.

O governo promete ampliar a capacidade diária de testagem, hoje em 5.000, para 8.000. E compromete-se a entregar resultados em não mais que 48 horas.

Apenas com informações precisas, e de amplo acesso pela população, será possível confiar na eficácia da abertura gradual e segura prometida.

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