Na segunda-feira (25), a Organização Mundial da Saúde suspendeu os estudos com a hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19. A decisão torna ainda mais absurda e perigosa a defesa que Jair Bolsonaro faz da substância.
Testes e estudos vêm demonstrando que a hidroxicloroquina e a cloroquina, quando administradas em pacientes infectados, são ineficazes e inseguras. O maior e mais abrangente desses estudos foi publicado na semana passada na respeitada revista científica Lancet.
Com informações de 96 mil pessoas internadas com Covid-19 em 671 hospitais de seis continentes, concluiu-se que os doentes que receberam os medicamentos apresentaram maior risco de arritmia ventricular e de morte do que aqueles que não os utilizaram. E não foram observados benefícios naqueles que fizeram uso das drogas.
Os resultados, similares aos de outros estudos já realizados, fizeram com que a OMS reavaliasse a segurança da hidroxicloroquina antes de retomar os testes.
Nos últimos dois meses, a organização vem coordenando em 18 países trabalhos para avaliar a ação de diferentes drogas no combate à Covid-19. Além da hidroxicloroquina, estão sendo testados remdesivir, lopinavir com ritonavir e esses dois medicamentos associados com interferon beta-1a.
Apesar das evidências e das recomendações da OMS, o Ministério da Saúde afirmou que manterá as orientações que ampliaram, na semana passada, o uso dos polêmicos medicamentos para pacientes com sintomas leves.
Ao agir na contramão da ciência, o governo endossa um tratamento possivelmente nocivo e submete a saúde pública a uma obsessão irracional.
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