Com as incertezas em torno da evolução da pandemia do coronavírus, políticos e autoridades começaram a discutir um possível adiamento das eleições municipais, marcadas para outubro.
Nessa conversa há preocupações legítimas, mas também algumas ideias inaceitáveis --e com cara de malandragem.
Na segunda categoria existe até quem defenda estender os mandatos dos atuais prefeitos e vereadores até 2022, quando haveria então eleições para todos os níveis de governo.
Ainda bem que essa hipótese de adiamento por longo período é hoje a menos provável. Juntar as disputas nacionais, estaduais e municipais não proporcionaria ordem. Pelo contrário, seria uma confusão infernal para os votantes.
Mais importante, porém, é o respeito à duração do mandato de quatro anos dos governantes e parlamentares --um contrato básico num regime democrático.
Restam problemas concretos e nada desprezíveis a serem enfrentados. Alguns deles, como o risco de aglomeração em convenções partidárias e nos locais de votação, já foram abordados pelo ministro Luís Roberto Barroso, que assume no próximo dia 26 a presidência do Tribunal Superior Eleitoral.
Barroso admite algum atraso, mas de preferência que não ultrapasse algumas semanas e sem afetar a renovação dos mandatos em 1º de janeiro de 2021, com o que parecem concordar a maioria das forças políticas. Para tanto, deve ser necessária uma emenda à Constituição.
Para reduzir as filas, uma saída é implementar dois ou mais dias de votação. O importante é assegurar que as eleições ocorram --ainda que em condições excepcionais-- a tempo de preservar a normalidade democrática do país.
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