O fundo do poço

Assim como acontece no resto do mundo, é possível que o pior momento para a economia do Brasil já tenha ficado para trás —em abril.

Naquele mês se deu o auge das restrições e das quarentenas para enfrentar a pandemia do coronavírus. Com isso, o tombo da atividade —comércio, prestação de serviços e produção industrial, principalmente— chegou a 9,7% na comparação com março, segundo um cálculo do Banco Central.

É um desastre sem precedentes na história recente do país. Para uma comparação, a maior queda mensal medida desde 2003 até então era a de 4% em maio de 2018, quando aconteceu a paralisação dos caminhoneiros.

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Galeria na rua José Paulino, no Bom Retiro (região central de São Paulo),, com muitas lojas fechadas - Fábio Munhoz/Folhapress

Existem sinais de que a economia passou a melhorar a partir de maio, mas isso não chega a ser nenhuma maravilha. Ninguém sabe ainda quanto tempo vai levar para que a situação se normalize e a renda do país volte ao nível que existia antes do início da pandemia.

Os mais otimistas acham que isso deve acontecer lá pelo final do próximo ano. Eles contam com uma recuperação rápida agora, inclusive com ajuda do auxílio emergencial de R$ 600, e um controle razoável da Covid-19.

Mas existem riscos. É possível que muitas empresas não consigam sobreviver à crise, e outras devem demorar mais para voltar ao ritmo anterior. O governo, que já andava sem grana, vai ficar ainda mais endividado, por causa dos gastos extras e da perda de arrecadação.

Mesmo que já tenhamos chegado ao fundo do poço, o poço é fundo —é difícil, portanto, voltar à superfície. E, se o presidente Jair Bolsonaro continuar criando um problema depois do outro, a retomada vai ficar ainda mais incerta.

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