Dados preliminares do desmatamento da Amazônia entre agosto de 2019 e julho de 2020 revelam, como se esperava, que a devastação corre solta. Ela aumentou 34% em um ano.
Quem apontou a alta foi o Deter, sistema de monitoramento por satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Não é a tecnologia mais precisa do órgão, mais é a mais rápida, já que surgiu para orientar a fiscalização em tempo real.
Nesses 12 meses, o Deter apontou 9.173 km² de áreas desmatadas, ante 6.838 km² no período anterior. Estima-se que o número real, ainda a ser apurado, fique em torno de 13 mil km², o maior dos últimos 14 anos e cerca de 3.000 km² acima do apurado em 2018/19.
Apesar disso, o vice-presidente Hamilton Mourão, encarregado de comandar operações contra o destruição da floresta, vê motivo para comemorar. Ele destacou o fato de julho ter apresentado a primeira queda em 14 meses, afirmando que isso seria o início de uma reversão na tendência de alta. É uma precipitação.
Sim, os alertas de julho recuaram de 2.260 km² em 2019 para 1.650 km² neste ano. Ainda assim, é o segundo dado mais alto para esse mês, e a área é do tamanho da cidade de São Paulo.
Derrubou-se tanta mata em maio e junho que os devastadores começaram mais cedo o período de incendiar madeira e solo.
As queimadas no bioma amazônico subiram 28% em julho, com 119,9 mil focos flagrados por satélites. No mesmo mês de 2019 foram 93,3 mil. Isso com os incêndios intencionais proibidos pelo governo.
Não dá para tapar o sol com a peneira. Assim, o governo vai manchar ainda mais a imagem do país e espantar investidores que evitam fazer negócio com quem não faz o mínimo na área ambiental.
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