As boas intenções do Pix

Num país onde a falta de competição no setor financeiro prejudica os consumidores, a inauguração de uma nova forma de fazer pagamentos pode abrir espaço para mudanças profundas.

O sistema, chamado Pix, busca viabilizar pagamentos instantâneos, a qualquer hora e de forma segura e barata. Por meio do cadastro de uma chave individual, que já começou a ser feito, qualquer pessoa poderá realizar transações a partir de 16 de novembro.

Colecionadores de notas fazem fila para serem os primeiros a adquirir a nova cédula de R$ 200 - Pedro Ladeira - 02.set.2020/Folhapress


O Pix será gratuito para operações entre pessoas físicas, mas, mesmo no caso das empresas e das próprias instituições financeiras, o custo será muito mais baixo do que o atual.

Pessoas de menor renda hoje sem conta bancária e acesso a outros serviços —basta lembrar que mais de 30 milhões precisaram abrir contas para receber o auxílio emergencial— terão a chance de ingressar no sistema financeiro.

Há dificuldades na mudança, é verdade. O Banco Central conduziu o processo com pressa, e houve instabilidade nos sistemas dos bancos no primeiro dia de cadastramento. Tamanha transformação precisa ser conduzida sem precipitação, diante do risco de fraudes e erros.

A China é um bom exemplo do impacto da tecnologia nos meios de pagamento, pois praticamente pulou a etapa dos cartões de débito e crédito e foi direto para o uso dos códigos eletrônicos.

Durante décadas, o Banco Central deu prioridade à solidez do sistema financeiro. Isso evitou muitas crises, mas resultou em um mercado dominado por apenas cinco grandes bancos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e Santander). Agora é ora de incentivar a inovação e a entrada de mais participantes, para o bem dos clientes.

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