Descrição de chapéu Opinião

Caneladas do Vitão: AI, Brasil

São Paulo

Ameaça vermelha é extrato do proletário. Fantasma sectário criado para quem já tinha muito acumular ainda mais no aspecto monetário. Cascata, discurso enlatado. Bravata. Digerido em grande escala, como fast-food, ao gosto americano. Inocente útil enganado, topo da pirâmide engajado. Golpe. Como é tradição brasileira, falar em família para assegurar o monopólio da propriedade. Usando, sempre que necessário, o nome de Deus em vão. Comunicação é uma arma. Senhora de Santana diz amém, soldado vai além. Sociedade, na média, como biruta, vai ou vem. Caô, 171 muito pior que o 7 a 1 que aconteceria 50 anos depois no Mineirão. Com direito a tropeiro. 31 de março de 1964. Tropas. Há 55 anos, já bicampeão mundial, o autointitulado país do futebol entrou de sola, deu bola fora. Ai, Brasil. AI-1, AI-2, AI-3, AI-4, AI-5... Futebol nunca foi um mundo à parte, universo paralelo.

Ex-jogador corintiano Sócrates com camisa verde e amarela com a palavra Democracia
Claudio de Oliveira

“Onde a Arena vai mal, um time no Nacional”. Milagre econômico com o dinheiro dos outros é refresco. Época de faraônicas construções. De estádios, que, curiosamente, ainda não eram chamados de arenas, bancados e superfaturados pelo Estado. Que usava o futebol como propaganda política de forma descarada. Canalha. Pra frente, Brasil, salve a seleção. General se metendo em convocação, capitão na comissão, “otoridades” infiltradas nas concentrações como faziam nas redações. Contra a resistência, censura. Se persistir, tortura. Covardia vil travestida de bravura. Pátria de chuteiras também foi uma forma de chutar a realidade, driblar e confundir. As vitórias do futebol foram todas conquistadas com o suor dos jogadores e treinadores, os verdadeiros atores. Inclusive, claro, os alienados simpáticos ao sistema. Que fazia propaganda com a gana alheia. Além, claro, de acumular grana. Enquanto os craques comiam grama. A vida era ainda mais dura. Para quem não batia palmas nem fechava os olhos para as violências e os crimes cometidos pela ditadura. Canalhice que não acontecia só no Brasil. Amanhã há de ser um novo dia. Depois de amanhã também. Que o futuro não repita o passado e não seja reescrito em homenagem ao Dia da Mentira. Ditadura nunca mais!
 

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