Em sua estreia pelo Tricolor, Cuca volta ao estádio do Verdão

Palmeiras e São Paulo decidem hoje, no Allianz Parque, uma vaga na decisão do Campeonato Paulista

Ele foi contratado com o perfil de melhor treinador de uma nova safra. Mas, no pacote, o clube trouxe também um técnico temperamental, desconfiado e que teve seu trabalho no Morumbi marcado por problemas de relacionamento no elenco.

Assim pode ser classificada a primeira passagem de Cuca no São Paulo, em 2004, por pessoas que conviveram com o treinador naquele período.

Neste domingo (7), às 16h, contra o Palmeiras, Cuca retorna oficialmente ao comando do São Paulo. Com 15 anos de estrada desde a sua primeira passagem, ele tem no currículo uma Libertadores, um Brasileiro (com o Palmeiras, em 2016) e vários Estaduais.

Cuca segura a bola enquanto dá orientações ao time tricolor
O técnico Cuca orienta a equipe são-paulina durante o treino no CCT da Barra Funda - Rubens Chiri/saopaulofc.net

Nesta sua volta, bem mais experiente, ele foi direto ao ponto para falar do São Paulo. “A vida é feita de oportunidades. Temos objetivos e vamos atrás deles”, afirmou o treinador, que precisa fazer sua equipe quebrar o tabu de nunca ter vencido o Palmeiras no Allianz Parque para conquistar a vaga na final do Paulista. Um empate por qualquer placar pode servir, desde que o Tricolor derrote o rival nos pênaltis. O mesmo vale para o Palmeiras.

O escolhido
Em 2004, Cuca chegou ao Morumbi avalizado pelo trabalho feito no segundo turno do Brasileiro do ano anterior, à frente do Goiás. Ele pegou a equipe na zona do rebaixamento, emendou sequência invicta de 16 partidas e a deixou na nona posição.

Na época, a diretoria queria um treinador da nova geração, e Cuca, com 40 anos, estava despontando. Antes dele, Oswaldo de Oliveira, 54, e o chileno Roberto Rojas, 47, tiveram a missão de comandar o time principal.

Escolhido pela diretoria, ele tinha como trunfo o futebol ofensivo e o fato de saber mexer na equipe nos jogos.

Sob o seu comando, o time quase chegou à final da Libertadores de 2004, sendo eliminado no último minuto do jogo da volta das semifinais pelo Once Caldas, na Colômbia. Em 51 partidas, Cuca obteve um aproveitamento de 64%, com 30 vitórias, 8 empates e 13 derrotas.

Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol do clube na época, disse que a formação do time que no ano seguinte venceria Libertadores e Mundial teve vários mentores. “Ali teve dedo do Milton Cruz [integrante da comissão técnica permanente], do Juvenal [Juvêncio, diretor de futebol] e do Cuca também”, afirmou.

Na montagem da equipe que fez história em 2005, Danilo, Fabão, Grafite e Cicinho chegaram a pedido de Cuca. Josué e Mineiro vieram quando o técnico já era Emerson Leão, mas a dupla também constava na lista de indicações do paranaense.

Explosivo
Seu temperamento explosivo e a insegurança ao lidar com alguns problemas internos acabaram causando desgaste com a diretoria. “Ele explodia, mas tinha a sensatez de voltar atrás. Era muito desconfiado e inseguro, talvez por ser um treinador novo. Mas era uma pessoa decente”, afirmou Cunha.

O ano de 2004 foi de dificuldades, já que a torcida se ressentia da falta de títulos importantes (após a fase áurea do bi mundial em 92 e 93, o São Paulo havia conquistado apenas os Estaduais de 98 e 2000 e o Rio-São Paulo de 2001). Essa pressão dificultou o seu trabalho.

No período, Cuca acumulou rusgas com alguns atletas, como Rogério Ceni, que teve uma áspera discussão com o preparador físico Omar Feitosa. O técnico precisou intervir e acabou batendo de frente com o ex-goleiro.

Após a queda na Libertadores, o Tricolor caiu de rendimento. O treinador deixou o clube em setembro, após altos e baixos no Brasileirão.

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