No último domingo, o Racing conquistou o caneco da Superliga Argentina, o segundo nesta década —havia levado o último Nacional em 2014— e o 18º em sua história. Porém, o que mais chamou a atenção na festa da conquista foi o torcedor Gabriel Aranda, que desfilou com o crânio do avô no Obelisco, na feira de San Telmo, nos cafés do centro e em outras localidades de Buenos Aires (ARG).
“Trouxe o meu avô, Valentín. Tirei ele do túmulo durante todo o tempo em que o Racing esteve jogando. É um amuleto. Ele ficaria orgulhoso”, comentou o torcedor, que herdou o fanatismo dos antepassados pelo clube de Avellaneda.
Há oito anos, na Colômbia, o Deportivo Cúcuta ficou mais conhecido por uma ousada ação de sua torcida organizada do que pelo futebol apresentado. Torcedores driblaram a segurança do estádio e entraram no setor de arquibancada, durante o jogo, carregando o caixão de um adolescente apaixonado pelo time, que havia sido assassinado na véspera. Segundo os amigos, aquele teria sido o seu último pedido.
É normal observarmos caixões cobertos com a bandeira do clube para o qual o recém-falecido dedicou fidelidade e fortes emoções em vida. Algumas funerárias até oferecem a morada eterna de madeira com as cores e o escudo do time.
Sempre disse que, quando a minha hora chegar (espero que não tão cedo), gostaria de ser cremado e que minhas cinzas, em vez de poluir o rio Piracicaba ou sujar algum turista nas ruínas de Machu Picchu, fossem enterradas no pé de uma das traves do estádio Barão de Serra Negra, onde muito torci, vibrei, xinguei e chorei com o XV.
Diferentemente de todo o resto, no mundo do futebol, nem a morte é capaz de separar o clube de seu devotado torcedor.
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