Existe uma cantora de rua muito conhecida pelos moradores e frequentadores da vida noturna da Santa Cecília, bairro da região central de São Paulo.
Há alguns anos é comum vê-la peregrinar pelas mesas dos bares e dos restaurantes das redondezas. Com uma voz forte, ela encanta os boêmios, arranca aplausos e também alguns trocados. Mas, para os boêmios de plantão, aqueles que batem cartão diariamente no boteco preferido, o encanto deu lugar ao folclore. O motivo? A cantante sempre interpreta uma mesma e única canção.
Essa cantora do bairro me lembra a grande parte dos técnicos nacionais: o repertório é restrito. Sei que é uma baita generalização, mas é a realidade que enxergo. Técnicos sabem implementar apenas seu único e solitário esquema. Pois há uma grande diferença entre ter um estilo de jogo e ser refém de um modelo de jogo.
Um treinador com estilo de jogo é aquele que possui uma maneira de pensar o futebol. É dentro da própria filosofia que este comandante desenvolve seus modelos de jogo. Um exemplo disso é o aclamado Pep Guardiola. É possível reconhecer com facilidade os times do catalão.
Desde o seu famoso Barcelona que conquistou a glória e encantou o mundo, Guardiola criou uma maneira de pensar o esporte. Seja no Barça, no Bayern de Munique ou, atualmente, no Manchester City, Pep inovou com uma variedade de esquemas táticos. Mas seu estilo de toque de bola envolvente, marcação agressiva e ocupação plena dos espaços deu o tom desses seus modelos de jogo.
Aqui, vemos técnicos que se prendem em tal modelo, imaginando ser uma ideia de jogo, e acabam consumidos. Nunca se adaptam ao clube, ao elenco ou ainda às situações.
O Flamengo é um bom exemplo. Nos últimos quatro anos, o Rubro-Negro tem um dos melhores elenco do país, mas o time ficou sempre no quase. O problema era de repertório.
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