Descrição de chapéu Opinião

Luís Marcelo Castro: Ainda há esperança

Quanto mais os campeonatos se afunilam, crescem a ansiedade e o nervosismo dos torcedores —à espera do festejado caneco, do sonhado acesso ou da fuga de uma dolorosa degola.

Uma triste cena que tem virado rotina é a invasão de centro de treinamentos para cobrar os jogadores: aconteceu em Minas, com o Cruzeiro, em Goiás, com o Vila Nova, e no Rio, com Fluminense e Botafogo. No estado, nenhum dos grandes —Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos— escapou de protestos no ano.

Torcedores do Vila Nova, de Goiás, apontam para a direção do gol, com setas, para "ajudar" os atacantes na partida com o CRB pela Série B do Campeonato Brasileiro
Torcedores do Vila Nova, de Goiás, apontam para a direção do gol, com setas, para "ajudar" os atacantes na partida com o CRB pela Série B do Campeonato Brasileiro - TV Globo/Reprodução

Felizmente, existe o outro lado da moeda, o dos torcedores bem-intencionados e bem-humorados que sabem trilhar outros caminhos para chamar a atenção sem apelar para a violência e para a intimidação.

Há menos de um mês, cansado da péssima campanha em casa do próprio Vila Nova-GO na Série B, um grupo de torcedores, inclusive crianças, posicionaram-se atrás do gol do CRB e levaram setas para apontar a direção da meta rival aos atacantes. Até deu certo, mas o jogo terminou 2 a 2 e o time goiano, com um triunfo em 13 jogos em casa, amarga a zona da degola.

Outro ameaçado de queda para a Terceirona é o Criciúma. E o recado da torcida para os jogadores na última terça (15), em faixa no estádio Heriberto Hulse, era claro: “Joguem como bebemos”. Uma pena que os atletas do estado da maior Oktoberfest do país não tenham ido com tanta sede à caneca, ou melhor, tanta fome à bola —o empate em casa com o concorrente Vitória foi um péssimo negócio para o Tigre.

Também em Santa Catarina, mas pela Série B do Catarinense, a torcida do BEC, o Blumenau Esporte Clube, fez uma vaquinha online para ajudar o clube a pagar taxas devidas à federação local, desde que a atual diretoria renunciasse. Como isso não aconteceu, os R$ 1.042 arrecadados foram doados à garotinha Antonella, portadora de uma rara doença degenerativa, cujos medicamentos são caríssimos.

São exemplos que nos fazem acreditar que há salvação para a selvageria que ainda impera no futebol brasileiro.
  

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