Costumo brincar que o ofício de repórter-fotográfico dentro do jornalismo lembra muito o trabalho de um clínico geral no universo da medicina. O fotógrafo de jornal tem de ter um mínimo conhecimento de cada editoria. É preciso olho vivo com o que acontece nos esportes, cultura, política, economia ou cotidiano. Saber quem são os principais protagonistas e os assuntos do momento.
Mas por que este blá-blá-blá sobre jornalismo? Com a promoção do Dyego Coelho como técnico interino do Corinthians, me lembrei de uma engraçada história que aconteceu aqui na redação há mais de dez anos. Como medida de respeito resguardarei os nomes dos profissionais envolvidos.
A anedota aconteceu durante uma tarde de treino da equipe corinthiana no antigo CT do Parque Ecológico do Tietê. Na época, o atual treinador tampão era um dos laterais do Timão e atendia apenas pelo nome de Coelho. Como ainda não era “professor”, o boleiro dispensava o uso do prenome Dyego.
Coelho vinha sendo escalado apenas para o banco, mas brilhou no coletivo e ganhou o colete de titular. Nosso repórter imaginando o lateral como o grande protagonista do caderno de esportes do dia seguinte, logo avisou o fotógrafo: “Faz foto do Coelho! Faz foto do Coelho!”.
Só que o fotógrafo parecia não manjar nada de esportes, e muito menos conhecia o elenco mosqueteiro. Nosso repórter ficou intrigado quando viu o fotojornalista embrenhado no meio das árvores que ladeavam o campo enquanto o treino comia solto. Não entendeu nada aquela cena que via à distância.
Fim de treino. Repórter e fotógrafo se encontraram. “E, aí? Fez as fotos do Coelho? O pessoal lá na redação quer as fotos para a primeira página do jornal”, perguntou o repórter. “Procurei ele, mas não achei”, respondeu o retratista. “Como não achou? É aquele ali, saindo, de chuteira branca”, disse o repórter apontando para o lateral. “Nossa, mas pensei que era algum coelho correndo naquele mato ali!”
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