Levado pelo genro Kurtt à Arena da Baixada, o santista Bira recebeu orientações expressas para evitar manifestações efusivas. Eles estavam na torcida do Athletico-PR, e se acusar alvinegro não era exatamente uma atitude inteligente.
Outro torcedor do Santos, presente no mesmo setor, não teve a prudência necessária. E os sopapos registrados a poucos metros de Bira fizeram com que ele finalmente entendesse o recado do rubro-negro Kurtt.
A troca de provocações deste com o sogro ficou para depois. Apenas um de muitos momentos lembrados em Teixeira Soares, no Paraná, no primeiro Natal da família Lievore sem Bira.
Ou quase isso. O clichê meloso dói, de tão piegas, mas Bira estava ali, algo palpável até para quem não teve a chance de conhecê-lo.
Estava no altar de Nossa Senhora Aparecida, que ele começou e foi terminado pelas filhas e pelos genros. Estava nas tatuagens das filhas e de uma das netas em sua homenagem.
Estava também na inigualável e inabalável doçura de outra neta, Júlia, e na sensibilidade do neto João —que reagiu à derrota na partida de xadrez, diga-se, com mais altivez do que a geralmente vista em Bira nos fracassos do Santos.
Estava, ainda, no sorriso irreverente do neto caçula, Gustavo, que, ao ano e meio, mal sabe falar, mas já consegue fazer troça e assumir um alter algo. “Qual é seu nome, Guga?” “Teobaldo!”
Bira estava sobretudo no olhar amoroso da companheira Rosângela, que observou feliz a família construída e fez questão de recordar, na ceia, a frase sempre repetida por ele: “Muitos podem e não têm; muitos têm e não podem; nós temos e podemos; por isso, agradecemos ao Senhor”.
Bira provavelmente reprovaria a presença de um corinthiano inconveniente —e, mesmo assim, muito bem recebido— em sua casa. Logo, porém, esqueceria o rival para rir de Maria, a neta que se envergonha do passado integralista de Teixeira Soares e berra: “Marielle presente”.
Mas a presença mais notada era outra.
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