Cláudio Amaral do Valle, hoje com 63 anos, começou a frequentar o Pacaembu ainda garotinho, nos anos 60. O corinthiano batia bola na praça Charles Miller, mergulhava na piscina do complexo do estádio e “via tudo o que era jogo”. Mesmo que fosse necessário entrar por baixo do portão do tobogã, malandragem adolescente à qual se habituou.
Outro truque era solicitar a qualquer adulto que aparecesse para ele se apresentar como responsável. “A gente ficava ali na fila, pedindo: ‘Ô, moço, entra comigo’.”
“Para mim, é o melhor estádio do mundo”, diz Cláudio, que não se esquece do cachorro-quente que saboreava por lá. “Nunca mais comi igual. E olha que era só pão com salsicha. Tinha outro gosto.”
Foi no Pacaembu que ele pela primeira vez assistiu a um jogo na companhia do filho, com quem celebrou vitória por 1 a 0 do Corinthians sobre o São Paulo, em 1993. Simão fez o gol que definiu o triunfo alvinegro sobre o time de Zetti, Cafu, Cerezo, Palhinha, Juninho e Müller.
Já a sua estreia, em 1964, não foi tão feliz. Ou foi mais. Levado pelo pai santista, ele viu o Santos bater o Corinthians por 7 a 4, com quatro gols de Pelé, e ficou encantado.
“Eu me apaixonei pela galera, nunca tinha visto tanta gente fazer festa. Acho que meu pai queria que eu visse o Pelé, mas o que me atraiu foi a torcida do Corinthians”, sorri.
Cláudio recorda ainda o tempo em que cafezinho era servido na numerada. E as primeiras edições da Copa São Paulo de juniores, com os atletas dormindo em colchões no próprio ginásio anexo ao campo.
Hoje, a final da 51ª edição da Copinha marca uma nova era do estádio, que deixa de ser municipal e passa a ser administrado pela iniciativa privada. O tobogã, que já foi concha acústica, vai virar prédio comercial. E ficarão mais distantes as memórias do menino que entrava por baixo do portão.
Ao menos, algo agora raro, a decisão entre Grêmio e Internacional terá duas torcidas. Não estará no palco ex-municipal a Fiel, mas nada impede que algum garoto se apaixone por “uma festa com tanta gente”.
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