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Caneladas do Vitão: Futebol não é todo mundo

Mercado da bola precisa de sobreviventes

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São Paulo

Ao futebol brasileiro, não basta ser decente e responsável, experiência até hoje jamais vivida sob a jurisdição da CBF. E que não dá qualquer sinal de vida.

Não bastaria. Mas, ao menos, pelo menos, questão de ordem, o futebol precisa parecer mais solidário e humano, ainda que fosse um deslavado simulacro, um ensaio muito mal interpretado e cínico de responsabilidade social, para dar e ser exemplo ao torcedor brasileiro.

charge com fundo preto e uma linha de cifrões brancos e 3 linhas de cruzes brancas
Claudio Oliveira

O (autointitulado) país do futebol, intitulado pelos fatos sepulcrais e pelos números fúnebres pária mundial e epicentro da pandemia na Terra (que é redonda como a bola), joga para a torcida enquanto o desgoverno negacionista joga contra o nem sempre respeitável público.

Futebol, como tudo que não é absolutamente essencial e inadiável, não pode acontecer agora enquanto cadáveres são empilhados aos milhares e batendo recordes mórbidos, progressivos e sucessivos.

É claro que para governador demagogo que decide levando em conta a "ciência" política e faz cálculos eleitorais antes de somar óbitos, fica difícil sustentar uma decisão de paralisar o futebol. Até porque é disputado sem plateia e não há lógica em proibir Paulistão sem público e ceder, vergonhosa e irresponsavelmente, ao lobbys eleitorais e financeiros de outros setores.

Sem vida, óbvio ululante, não há nem pão, nem circo. O abutre mercado, que reage muito pior com incertezas políticas do que com milhares de atestados de óbitos, deva avaliar que sem sobreviventes não há como salvar a bolada de quem trata a bola como negócio próprio.

Estão erradas aulas sem segurança às crianças, aos professores e, óbvio, à sociedade, como um todo, que convive com eles. A verdade é que está errada qualquer exceção que olhe para o próprio umbigo e não pense na saúde de toda a sociedade, independentemente de classe social, raça, sexo ou idade.

Se passou da hora de pensar, à vera, como coletividade, nada como o mais popular esporte coletivo puxar o exemplo. Para que toda a sociedade, em breve, assim que possível, possa correr para o abraço.

Como diria a minha mãe, que, aos 68 anos, ainda não foi vacinada por incompetência e irresponsabilidade dolosa governamentais, "futebol, você não é todo mundo".

Chico Xavier: "A verdadeira coragem não é a de enfrentar o leão, a cobra, mas, sim, a de enfrentar o nosso próprio impulso". Fique em casa.

Vitor Guedes
Vitor Guedes

44 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio.

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