A cada edição das Olimpíadas, o povo brasileiro entra no mundo do esporte amador e passa a conhecer histórias de superação, de devoção, de pressão e de emoção. São exemplos dos atletas que se preparam por quatro anos para chegarem ao ápice nos Jogos, superando dificuldades físicas, mentais e financeiras.
Em Tóquio, porém, a seleção brasileira masculina de futebol mostrou mais uma vez que ainda não adquiriu o espírito olímpico e que não se sente parte desse mundo. Qualquer um ali ganha muito mais no seu clube do que a gigantesca maioria dos atletas das outras modalidades sonharia ganhar. Por isso, eles não veem a necessidade de seguir as regras do COB (Comitê Olímpico do Brasil), que é quem representa todos os atletas do país. Os amadores, claro.
No caso do futebol, comandado pela CBF e, mais acima, pela Fifa, o grupo resolveu --coordenados não sei por quem-- não usar no pódio o agasalho oficial do Time Brasil, da marca chinesa Peak. O contrato da empresa com o COB prevê a obrigatoriedade do uso das roupas da marca na Vila Olímpica, em viagens, nos pódios e nas cerimônias.
Após a cena, com os jogadores com o agasalho amarrado na cintura e a camisa da Nike, patrocinadora da CBF, em primeiro plano, o COB divulgou uma nota de repúdio e prometeu ir à Justiça para "preservar os direitos do Movimento Olímpico, dos demais atletas e dos nossos patrocinadores".
As reações nas redes sociais foram imediatas e críticas, inclusive, de atletas como o nadador Bruno Fratus, bronze nos 50 m livre.
"A mensagem foi clara: não fazem parte do time e não fazem questão. Também estão completamente desconexos e alienados às consequências que isso pode gerar a inúmeros atletas que não são milionários como eles", atacou Fratus.
Se a intenção do grupo era dar mais visibilidade à Nike com o ouro no pódio, o episódio só serviu para mostrar a arrogância de uma modalidade que se acha superior às demais.
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