Se você está acompanhando os Jogos Olímpicos pela televisão, certamente sabe que a voz de uma é a voz de todas, que o ex-jogador de futebol Denílson vibra muito quando seu pão com manteiga cai no chão e que a entrevista com os atletas logo após sua participação no torneio pode ser problemática.
O competidor, geralmente extenuado, ainda não teve tempo de processar o que acabou de acontecer. O repórter, especialmente se o resultado não foi satisfatório, acaba se contorcendo entre ser simpático com o entrevistado e questioná-lo de fato sobre o desempenho apresentado.
Ocorre conflito semelhante com narradores e comentaristas. Como narrar ou comentar, por exemplo, um quarto lugar olímpico, que pode significar uma atuação impressionante ou uma grande decepção?
A resposta, parece, está no respeito. É perfeitamente possível reconhecer o esforço de um esportista durante todo um árduo ciclo olímpico e observar que, no dia da briga pela medalha, ele ficou devendo.
Ou não ficou. Pode ser que ele tenha apresentado um rendimento muito bom, histórico, o melhor possível, e ficado em décimo. Pode ser também que tenha decepcionado, falhado, errado e subido ao pódio.
De qualquer maneira, o atleta olímpico merece respeito. E também merece uma avaliação sóbria, sem clichês cansados como “estar ali já é uma vitória” ou alguma versão do surrado “bronze que vale ouro”.
Ouro é ouro, prata é prata, bronze é bronze, e sétimo lugar é sétimo lugar. O que não impede, evidentemente, que o resultado esteja carregado de nuances e seja saboreado de acordo com a expectativa criada.
O nadador brasileiro Bruno Fratus, por exemplo, comemorou muito sua medalha de bronze, depois de ter ficado no quase em 2012 e 2016. Já o judoca francês Teddy Riner, ultrafavorito, não viu seu terceiro lugar com o mesmo entusiasmo.
Reações normais, apropriadas. Como deve ser apropriada —e respeitosa— a avaliação de seu desempenho.
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