"O nome influi muito para o êxito ou para o infortúnio", dizia Nelson Rodrigues. "Napoleão, se tivesse outro nome, já seria muito menos napoleônico", observava com frequência o obsessivo escritor.
De modo que em 1º de setembro de 1910, data da fundação do Corinthians, ainda não era possível ter noção do tamanho da empreitada. Não se sabia se a equipe seria napoleônica, carlosgômica ou santosdumônica porque ela simplesmente não tinha nome.
Foi só em uma reunião em 5 de setembro que a identidade foi definida. Consta que o pintor de parede Joaquim Ambrósio, um dos cinco operários fundadores do time do povo, tenha apresentado a feliz ideia vencedora.
Ele era um de muitos impressionados com a visita do Corinthian Football Club ao Brasil. Como os jogadores ingleses eram tratados pela imprensa no plural, "os Corinthians", tal qual os atletas do Tottenham Hotspur hoje são chamados de Spurs, fez-se a bem-vinda confusão.
Na descrição um tanto romanceada de Lourenço Diaféria, Joaquim, quase em transe, foi bastante persuasivo. "'Nosso clube', bradou Ambrósio, suando por todos os poros do rosto afogueado, 'tem que ser igual aos Corinthians. Ou isso, ou nada!'", narrou o genial cronista alvinegro.
Tomás Rosolino não é Diaféria, mas entende como poucos o espírito corinthiano. E explicou: "Em vez de Corinthian, o Bom Retiro deu a seu time o nome de Corinthians, ou seja, um múltiplo, uma designação coletiva, um nobre substantivo também adjetivo".
A jornada do Corinthian é linda. E tem muito a ver com a do Corinthians, no quase plural. Ou com a do Curinthia, como só a singular Fiel é capaz de pronunciar.
Se você quer entender por que é corinthiano, vale a leitura do recém-lançado "Corinthian — A Mais Bela História do Futebol", que o amigo Tomás escreveu com a ajuda do inglês Chris Watney, ex-jogador e historiador do Corinthian. Se não é, também vale, nem que seja para entender por que o Real Madrid joga de branco.
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