Deputados aprovam reajuste salarial de 5% para policiais de SP

Aumento faz parte de pacote da segurança pública anunciado pelo governo estadual

São Paulo

Os deputados da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) aprovaram na noite desta terça-feira (26) o projeto de lei complementar que estabelece aumento de 5% nos salários dos policiais militares, civis e agentes de segurança a partir de janeiro de 2020.

Enviado à Casa no início de novembro pelo governador João Doria (PSDB), o texto agora volta para sanção do poder executivo.

"Os projetos decepcionaram as categorias, mas eu entendo que os deputados têm dois caminhos: ou aprovam essas melhoras, ainda que não sejam satisfatórias, ou recusam essas melhoras prejudicando os funcionários. Portanto, eu entendo que se vem um projeto dando 5% de aumento, e nós obstruirmos o projeto, nós prejudicamos os policiais", disse a deputada Janaina Paschoal (PSL) na votação.

Já o deputado Paulo Fiorilo (PT) apontou que o aumento concedido está longe daquele proposto em campanha. 

"O governo aplicou um golpe nos militares, policiais civis e nos agentes penitenciários, porque ele prometeu o melhor salário do país e propôs um aumento de 5%. É um absurdo e o próprio impacto mostra que está muito aquém daquilo que o governo poderia investir. Infelizmente o governador não está cumprindo a palavra dele."

Pacote da segurança pública

O aumento salarial faz parte do "pacotão da segurança pública", anunciado no início do mês pelo governo estadual.

O reajuste concedido pelo estado representará um acréscimo de R$ 110 no salário-base de carreiras como a de investigador, no que diz respeito ao vencimento inicial, e de R$ 72 para policiais militares que estão ingressando na área. ​

As medidas incluem ainda a ampliação do bônus da categoria, que será pago também para servidores do setor administrativo da segurança, além de modificação na frequência de pagamento. Hoje, a bonificação por resultado tem frequência trimestral. O pagamento passará a ser bimestral.

Outra medida é a equiparação do auxílio-alimentação para todos os profissionais, que passarão a receber o mesmo valor, segundo do Governo do Estado de São Paulo. O benefício é pago conforme as diárias de trabalho e chega a R$ 796 por mês.

Na ocasião, o governo anunciou ainda que o adicional de insalubridade, de pouco mais de R$ 700 mensais hoje, vai ser pago imediatamente ao profissional que ingressar na carreira. Atualmente, para receber, o policial ingressante depende de um laudo, que tem demorado até dez meses para sair. Enquanto isso, fica sem o valor. A demora também reflete na aposentadoria.

Haverá ainda a contratação de assistência jurídica para fazer a defesa de policiais. Os gastos com a medida deverão chegar a R$ 20 milhões por ano.

O pacotão da segurança vai valer para 148 mil policiais militares, 46 mil policiais civis e 34 mil agentes penitenciários (entre ativos e inativos), incluindo os pensionistas.

Categorias criticam

O reajuste de 5% não será suficiente para acabar com a defasagem salarial, dizem sindicatos da área. Para o Sipesp (Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo), o salário ideal de entrada na carreira de investigador, por exemplo, seria entre R$ 7.000 e R$ 8.000.

A categoria se queixa ainda de que a remuneração de policiais militares, civis e técnico-científicos e agentes de segurança, escolta e vigilância penitenciária, estaria muito abaixo da faixa de polícias de outros estados. 

"A polícia de São Paulo está em 24º lugar no ranking dos estados. É um absurdo, tendo em vista que é o estado mais rico da nação", disse o deputado estadual Major Mecca (PSL).

Além do salário-base, a remuneração de servidores da segurança é composta pelo RETP (Gratificação pelo Regime Especial de Trabalho Policial), que, somados, formam o salário inicial.

“Policiais civis estão indo para outros estados por causa da baixa remuneração. Não investindo no policial, a população é a maior prejudicada", diz Raquel Kobashi, do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo).

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