Sindicato dos metalúrgicos cobra definição sobre fábrica da Ford no ABC

Segundo entidade, BNDES não tem linha de crédito para compra; atividades foram encerradas em outubro

São Paulo

Após reunião com representantes do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nesta terça-feira (19), porta-vozes dos metalúrgicos do ABC disseram que o banco não tem linha de crédito para aquisição da fábrica da Ford em São Bernardo (ABC paulista) pela Caoa. 

A planta encerrou as atividades no final de outubro e o grupo —distribuidor no Brasil das marcas Hyundai, Subaru, Ford e Chery— vem discutindo a compra da unidade.

De acordo com Rafael Marques, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e atual presidente do TID (Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento), o financiamento de que o BNDES dispõe não contemplaria a aquisição de uma empresa privada por outra, apenas outras modalidades de crédito.

"O BNDES diz ter linhas que podem apoiar esse processo de compra da fábrica da Ford pela Caoa, mas que não tem linhas para aquisição, que teria de ser feita pelo grupo. Depois de feita a aquisição, o banco diz ter várias modalidades de financiamento que podem dar suporte à modernização da fábrica e de produtos", afirma Marques.

"Do lado do banco, há interesse em financiar esse tipo de compra, por vários fatores, entre eles por ser uma empresa nacional comprando um parque industrial de uma multinacional, ter produto com inteligência, propriedade intelectual de fora e tudo o mais, mas isso só seria possível na pós-aquisição", afirma.

Negociações indefinidas

Marques diz que o que se espera, agora, é rapidez nas negociações.

No início de setembro, o governador João Doria (PSDB) disse em coletiva que uma diligência prévia seria feita em até 45 dias antes do fechamento do negócio entre Ford e Caoa. No entanto, nada foi firmado.

Até março do ano que vem, funcionários da área administrativa da Ford estão sendo transferidos para um escritório em São Paulo, segundo o sindicato.

"Até abril de 2020, a Ford ainda terá caminhões fabricados neste ano no mercado. Depois disso, não", afirma Marques. 

Segundo ele, já foi pedida reunião com a Caoa para saber "em que pé está" a negociação e se o interesse continua "forte".

"Prioridade é atuar para que o processo siga em frente, lembrando que o fechamento da Ford impacta 30 mil trabalhadores na região metropolitana de São Paulo. Vamos pedir também reunião com o governo estadual, que vem acompanhado o processo desde o início."

Procurada, a Caoa diz não ter "nenhuma novidade sobre o assunto". O BNDES não respondeu ao pedido da reportagem.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.