O Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, polo industrial da Grande São Paulo, anunciou nesta quarta-feira (26) que 40% dos trabalhadores abrangidos na categoria ganharam o direito de ficar em isolamento domiciliar.
A decisão veio após negociação de medidas preventivas e de combate ao coronavírus com as empresas metalúrgicas e deve se estender a mais funcionários nos próximos dias.
“Este percentual pode ser ainda maior, tendo visto que empresas pequenas já podem ter parado sem, antes, comunicar o sindicato”, diz o secretário-geral, Gilberto Almazan.
De acordo com o Sindmetal, as duas maiores fabricantes de autopeças da região fazem parte das mrtalúrgicas que vão desacelerar a produção.
A Cinpal, em Taboão da Serra, concedeu licença remunerada aos trabalhadores de forma gradual, até sexta-feira (27), quando mais de 80% já deverão estar em casa.
Na Meritor, em Osasco, os trabalhadores entrarão em férias coletivas a partir de segunda-feira (30).
Balanço
Até o momento, diz o Sindmetal, ao menos 30 fábricas da região já paralisaram ou vão paralisar suas atividades total ou parcialmente. Entre elas, estão: Nylok, Tecitec, Engrecon, Elubel, IBMS, Montabel, Orgus, Trilho Suisso, Jandinox, Belgo, Jedal, MKS e Metalsa.
Na Engrecon/BPN, os trabalhadores conquistaram a antecipação das férias após greve. A paralisação foi necessária, diz o sindicato, porque os metalúrgicos estavam inseguros e a empresa se recusava a negociar medidas efetivas de proteção.
“Neste período, entendemos que o isolamento social é o principal instrumento de combate à expansão do coronavírus no nosso país, e uma forma de evitarmos um colapso do nosso sistema de saúde. As metalúrgicas, com poucas exceções, têm concordado com o sindicato e feito sua parte para amenizar a toda a população os prejuízos decorrentes deste vírus”, diz Gilberto Almazan.
Fábricas
O Sindmetal avalia que as fábricas têm adotados medidas que ajudam a prevenir os trabalhadores, entre elas, manter em isolamento domiciliar trabalhadores com mais de 60 anos e aqueles que têm algum problema crônico de saúde.
O sindicato diz que tem negociado para que, nas empresas em que ainda não haverá paralisação das atividades, as gestantes também serão deixadas em isolamento.
A redução da jornada e a adoção de home office, nos departamentos possíveis, também foram medidas adotadas para diminuir a circulação dos trabalhadores nas fábricas e nas ruas, além da intensificação da limpeza nas fábricas e orientação aos trabalhadores sobre a doença, sintomas e prevenção.
Metalúrgicos do interior
Em São José dos Campos (99 km de São Paulo), a pressão do Sindicato dos Metalúrgicos, filiado à CSP-Conlutas, já resultou na liberação do trabalho para aproximadamente 25 mil trabalhadores.
Em Taubaté (140 km de São Paulo), a LG Electronics e a Usiminas decidiram que 70% dos trabalhadores terão férias coletivas. A medida foi tomada após negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau).
Na LG Eletronics, os funcionários serão divididos em dois grupos. O primeiro será liberado a partir de segunda-feira (30) para um período de 15 dias, com retorno previsto em 14 de abril. O segundo grupo sai na terça (31), com dez dias de coletivas e volta marcada para 13 de abril.
Funcionários que estão no grupo de risco, diz o Sindmetau, já foram dispensados no início desta semana por meio de banco de horas. A partir do próximo dia 31, eles também entram em férias coletivas, com retornos previstos para 13 e 14 de abril. Todos os estudantes do programa Jovem Aprendiz e os estagiários estão de férias por 30 dias desde o dia último 23.
A LG tem 950 trabalhadores no total. No começo deste mês, a empresa já havia concedido 10 dias de férias coletivas por falta de peças, já que vários fornecedores são da China, onde os primeiros casos do novo coronavírus foram registrados.
A Usiminas colocou 70% dos trabalhadores em férias coletivas na quarta-feira (25), por um período de 20 dias. O retorno está previsto para 14 de abril. A fábrica tem 270 trabalhadores em Taubaté.
Levantamento
De acordo com o Sindmetau, cerca de 65% das empresas da base estão com as atividades total ou parcialmente paralisadas. As indústrias que ainda não suspenderam a produção estão tomando medidas de prevenção internas e liberando os trabalhadores do grupo de risco.
A suspensão das atividades, no entanto, é considerada pelo Sindmetau como proteção mais eficaz contra o avanço do coronavírus. O Sindicato lançou a campanha Em Defesa da Vida no dia 20 de março. Foram enviados ofícios às empresas alertando para a gravidade da situação em Taubaté, cidade da região que conta com o maior número de casos suspeitos.
O sindicato diz que se colocou à disposição das empresas para negociar férias coletivas e outras ferramentas de flexibilização da jornada.
“O quanto antes retirarmos as pessoas do risco, melhor será o combate ao coronavírus. É uma campanha em defesa da vida”, explicou o presidente do Sindmetau, Claudio Batista, o Claudião.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.