Na manhã desta segunda-feira (14), todas as pessoas que compareceram à agência da Previdência Social em Itaquera (zona leste), saíram de lá com ao menos algum tipo de orientação sobre como proceder após determinação da Justiça que mantém os postos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) fechados na capital paulista.
O local é um dos listados pelo instituto para receber quem faz agendamento pela Central 135 ou pelo aplicativo ou pelo site Meu INSS. Desde às 7h, a reportagem conversou com os segurados que chegavam à agência.
Apesar do aviso anexado nesta segunda na porta, muitos beneficiários não sabiam que a reabertura das agências em São Paulo havia cancelada após os servidores ingressarem com ação judicial pedindo suspensão da medida. Em sua defesa, os funcionários alegaram não haver segurança sanitária para retomar o atendimento.
Um servidor, que pediu para não ser identificado, disse que o atendimento tem sido realizado de acordo com os protocolos e é apenas para os agendados até as 13h. "Porém quem não é atendido, damos orientação de como proceder. Antes da pandemia, atendíamos uma média de 70 pessoas agendadas, além de 200 para receber encaminhamentos. Desde o início da pandemia, atendemos cerca de 40 pessoas por dia."
Questionado sobre o receio do risco de contágio durante o atendimento, o funcionário afirmou que se sente medo, mas que é importante orientar o segurado. "Estamos atendendo e tem ajudado muita gente."
José Geraldo de Castro, 59 anos, de Itaquera (zona leste), é procurador de sua mãe, Alcina Albuquerque, 85 anos. Ele conta que levou as documentações necessárias para a prova de vida dela. "Há um mês chegou a carta solicitando as comprovações. Já tinha vindo outro dia e voltei hoje."
A dona de casa Luzinete da Conceição, 56, também de Itaquera (zona leste), foi à agência para tentar alterar um código de recolhimento que, segundo ela, a está impedindo de receber o auxílio-doença. "Não consegui agendar pelo 135. Por isso, vim tentar a sorte pessoalmente. Não fiquei sabendo que não atenderiam, mas pelo menos me deram um direcionamento aqui. Recebo apenas o Bolsa Família e preciso desse benefício."
Rosa Carlos, 70 anos, de Guaianases (zona leste), levou a documentação de uma idosa da qual ela é procuradora. "Como não consegui realizar o agendamento nem pela internet nem pelo 135 vim aqui na última quinta-feira (10) e disseram que faltava um documento, que trouxe hoje. Já conferiram e está tudo certo."
A dona de casa Maiara de Oliveira Silva, 27, de Guaianases (zona leste), afirma que o seu cartão para sacar a pensão por morte foi bloqueado e, por isso, decidiu ir ao posto do INSS. Lá, foi orientada a tentar o desbloqueio pelo Meu INSS e recebeu a senha de acesso. "Não sabia da decisão da Justiça. Ainda bem que deram uma orientação."
Perícias não têm data para voltar
A auxiliar de limpeza Francisca Alves de Lima, 61 anos, do Jardim Pedra Branca (zona leste), conta que tem uma perícia médica agendada para às 16h20 desta segunda-feira (14) no INSS do Jabaquara (zona sul). "Decidi vir neste posto primeiro para ver se conseguiria fazer aqui, mais perto da minha casa, mas não adiantou. Disseram que terei que ir no Jabaquara. Porém não sabia dessa decisão da Justiça. Como está agendado vou até lá, mesmo sentindo dor na coluna. Não consigo trabalhar e preciso desse benefício."
No entanto, os peritos médicos da Previdência já haviam anunciado, na sexta-feira (11), que não retornariam ao trabalho por não haver condições sanitárias nas agências. O presidente do INSS, Leonardo Rolim, se desculpou pela situação e informou ter avisado os segurados por meio de SMS, email ou pelo Meu INSS, mas nem todos receberam o recado.
O autônomo Francisco Brito, 59 anos, de Itaquera (zona leste), recolhe a contribuição como facultativo há sete anos e hoje esteve na agência para tirar uma dúvida. "Faço tudo pela internet, mas como surgiu um detalhe que não entendi, preferi vir aqui perguntar. O tempo que eu ficaria pendurado na linha do 135 achei melhor vir pessoalmente e recebi uma orientação", afirmou.
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