Os deputados da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) aprovaram, no início da madrugada desta quarta-feira (14), o megapacote de ajuste fiscal enviado pelo governo Doria. O texto substitutivo do relator especial designado, Alex de Madureira (PSD), teve 48 votos a favor e 37 contra.
Esgotado o tempo, a sessão foi encerrada e os parlamentares ainda deverão votar os destaques, que são trechos que podem ser retirados da proposta.
Apresentado pelo líder do governo, Carlão Pignatari (PSDB), após intervenção da deputada Janaína Paschoal (PSL), o roteiro de votação prevê retirar do texto, por meio dos destaques, quatro empresas (Furp, Imesc, Itesp e Fundação Oncocentro), o repasse do superávit das universidades estaduais ao Tesouro estadual e o trecho que menciona alterações no ITCMD (Imposto de transmissão causa mortis e doação).
Apresentado como proposta de reforma administrativa do estado e de controle dos gastos públicos —o governo declara rombo de R$ 10,4 bilhões—, o texto tem sido apontado como armadilha para o aumento de impostos.
A Secretaria de Projetos, Orçamento e Gestão afirma que a extinção das cinco empresas, fundações e autarquias, já autorizada pela Alesp no texto-base (EMTU, CDHU, Sucen, Fundação Parque Zoológico, Daesp) e a fusão do Instituto Florestal com os Institutos de Botânica e Geológico deverá ocorrer dentro do prazo previsto de 180 dias, prorrogáveis pelo mesmo período.
Segundo a pasta, as empresas somam 2.051 funcionários celetistas, que poderão ser demitidos ou absorvidos pela administração. A economia total prevista, já com os itens dos destaques eliminados, é de R$ 7 bilhões em 2021.
Veja como votou cada deputado
Deputado | Partido | Voto | Deputado | Partido | Voto | |
---|---|---|---|---|---|---|
Sargento Neri | Avante | Não | Cezar | PSDB | Sim | |
Daniel Soares | DEM | Sim | Dra. Damaris Moura | PSDB | Sim | |
Edmir Chedid | DEM | Sim | Marcos Zerbini | PSDB | Sim | |
Estevam Galvão | DEM | Sim | Maria Lúcia Amary | PSDB | Sim | |
Milton Leite Filho | DEM | Sim | Mauro Bragato | PSDB | Sim | |
Paulo Correa Jr. | DEM | Sim | Carlos Giannazi | PSOL | Não | |
Rodrigo Moraes | DEM | Sim | Erica Malunguinho | PSOL | Não | |
Rogério Nogueira | DEM | Sim | Isa Penna | PSOL | Não | |
Itamar Borges | MDB | Sim | Monica da Bancada Ativista | PSOL | Não | |
Jorge Caruso | MDB | Sim | Dr. Jorge do Carmo | PT | Não | |
Léo Oliveira | MDB | Sim | Emídio de Souza | PT | Não | |
Daniel José | Novo | Não | Enio Tatto | PT | Não | |
Heni Ozi Cukier | Novo | Não | José Américo | PT | Não | |
Ricardo Mellão | Novo | Não | Luiz Fernando | PT | Não | |
Sergio Victor | Novo | Não | Márcia Lia | PT | Não | |
Arthur do Val | Patriota | Não | Maurici | PT | Não | |
Leci Brandão | PCdoB | Não | Paulo Fiorilo | PT | Não | |
Marcio Nakashima | PDT | Não | Professora Bebel | PT | Não | |
André do Prado | PL | Sim | Teonílio Barba | PT | Não | |
Delegada Graciela | PL | Não | Campos Machado | PTB | Não | |
Dirceu Dalben | PL | Sim | Douglas Garcia | PTB | Não | |
Marcos Damasio | PL | Sim | Roque Barbiere | PTB | Sim | |
Rafa Zimbaldi | PL | Sim | Reinaldo Alguz | PV | Sim | |
Ricardo Madalena | PL | Sim | Marina Helou | Rede | Não | |
Thiago Auricchio | PL | Sim | Altair Moraes | Republicanos | Sim | |
Aprigio | Podemos | Licenciado | Edna Macedo | Republicanos | Obstrução | |
Ataide Teruel | Podemos | Sim | Gilmaci Santos | Republicanos | Sim | |
Bruno Ganem | Podemos | Licenciado | Jorge Wilson | Republicanos | Sim | |
Marcio da Farmácia | Podemos | Sim | Sebastião Santos | Republicanos | Sim | |
Conte Lopes | Progressistas | Não | Wellington Moura | Republicanos | Sim | |
Coronel Telhada | Progressistas | Não | Alexandre Pereira | Solidariedade | Sim | |
Delegado Olim | Progressistas | Sim | Fernando Cury | Cidadania | Sim | |
Professor Kenny | Progressistas | Sim | Roberto Morais | Cidadania | Sim | |
Adriana Borgo | Pros | ---- | Adalberto Freitas | PSL | Sim | |
Barros Munhoz | PSB | Sim | Agente Federal Danilo Balas | PSL | Obstrução | |
Caio França | PSB | Não | Castello Branco | PSL | Não | |
Carlos Cezar | PSB | Sim | Coronel Nishikawa | PSL | Sim | |
Ed Thomas | PSB | Não | Delegado Bruno Lima | PSL | Obstrução | |
Rafael Silva | PSB | Sim | Frederico D'Ávila | PSL | Licenciado | |
Roberto Engler | PSB | Obstrução | Janaína Paschoal | PSL | Sim | |
Vinicius Camarinha | PSB | Sim | Leticia Aguiar | PSL | Não | |
Alex de Madureira | PSD | Sim | Major Mecca | PSL | Não | |
Marta Costa | PSD | Não | Rodrigo Gambale | PSL | Sim | |
Analice Fernandes | PSDB | Sim | Tenente Coimbra | PSL | Sim | |
Carla Morando | PSDB | Sim | Tenente Nascimento | PSL | Não | |
Carlão Pignatari | PSDB | Sim | Valeria Bolsonaro | PSL | Não | |
Cauê Macris | PSDB | ---- | Gil Diniz | Sem partido | Não |
Aumento de impostos
Ponto de convergência entre direita e esquerda contra o PL 529 na Alesp, o trecho que permite o aumento de impostos permanece inalterado.
O artigo que trata do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) autoriza a redução de 20% de todos os benefícios fiscais concedidos pelo estado. Além disso, a proposta equipara a benefício fiscal toda alíquota inferior a 18%.
Parlamentares contrários à proposta apontam que a mudança, caso aprovada, terá efeito principalmente sobre itens da cesta básica e medicamentos, que têm alíquota abaixo da linha de corte de 18% proposta pelo governo.
O governador João Doria (PSDB) anunciou, na última semana, que não vai alterar as isenções e alíquotas de ICMS dos produtos que fazem parte das cestas básicas de alimentos e de remédios.
Doria também afirmou que a mudança seria pelo prazo de 24 meses, de 1º de janeiro de 2021 a 31 de dezembro de 2022. Este item, no entanto, também não consta do projeto enviado pelo Executivo ao Legislativo. Segundo o estado, o governo deixa de arrecadar R$ 40 bilhões ao ano com as isenções do ICMS.
Deputados contrários à proposta defendem que a promessa não fique no discurso e seja transferida "para o papel".
O projeto 529/2020
O megapacote apresentado pelo governo estadual tem como justificativa controlar gastos públicos e atenuar uma estimativa de déficit orçamentário de R$ 10,4 bilhões em 2021.
Um dos pontos da proposta permite o aumento de alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), mediante a autorização ao poder Executivo de renovar e reduzir benefícios fiscais relacionados ao imposto.
Além disso, o texto extingue dez órgãos públicos, responsáveis por diferentes áreas como saúde, habitação e transporte, entre eles a Furp (Fundação para o Remédio Popular), a Fundação Oncocentro de SP), a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de SP), a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) e o Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de SP).
O PL 529 institui ainda um programa para demissão voluntária de servidores e pretende aumentar a alíquota de contribuição do Iamspe (plano de saúde dos funcionários públicos estaduais).
Hoje, os servidores pagam 2% sobre o rendimento mensal para seu atendimento médico e de filhos, cônjuge ou companheiro (a). A nova regra propõe cobrança por pessoa, conforme faixa etária, variando entre 0,5% e 3% ao mês.
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