Descrição de chapéu assembleia legislativa

Projeto de ajuste fiscal de Doria pode avançar na Alesp

Aceno da deputada Janaina Paschoal (PSL) aproxima proposta da votação

São Paulo

Travado há mais de duas semanas na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o PL 529, projeto de ajuste fiscal do governo Doria, deve ter a tramitação acelerada a partir desta terça-feira (13).

Apresentado como proposta de reforma administrativa do estado e de controle dos gastos públicos —o governo declara rombo de R$ 10,4 bilhões—, o texto tem sido apontado como armadilha para o aumento de impostos.

Em meio a forte obstrução de grande parte das bancadas, a proposta sequer conseguiu o mínimo de 48 deputados presentes para ir à votação.

As críticas que têm barrado o andamento do texto também passam pela extinção de dez autarquias, entre elas a Fosp (Fundação Oncocentro), a Furp (Fundação para o Remédio Popular) e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos).

O projeto, que até a última semana contava com 47 votos certos da base de Doria, teve um aceno da deputada Janaina Paschoal (PSL), que concordou ser favorável ao texto caso o governo aceitasse o seu método de votação. Com o apoio de Janaína, o PL poderia atingir o mínimo necessário para ser votado.

A proposta da parlamentar prevê retirar do texto a ser votado quatro empresas (Furp, Imesc, Itesp e Fundação Oncocentro), além do trecho que menciona alterações no ITCMD (Imposto de transmissão causa mortis e doação).

O líder do governo, Carlão Pignatari (PSDB), também se comprometeu a não receber, futuramente, um novo projeto de extinção das autarquias preservadas e a manter os fundos das universidades estaduais e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de SP) inalterados. O texto, que já havia sido alterado após passar por relator especial, previa repassar esse caixa de 2019 ao Tesouro estadual.

Sobre o ITCMD, Pignatari afirmou que novas regras sobre o tributo deverão ser reenviadas ao Legislativo após mudanças em trechos da proposta.

Aumento de impostos

Ponto de convergência entre direita e esquerda contra o PL 529 na Alesp, o trecho que permitiria o aumento de impostos permanece inalterado.

O artigo que trata do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) autoriza a redução de 20% de todos os benefícios fiscais concedidos pelo estado. Além disso, a proposta equipara a benefício fiscal toda alíquota inferior a 18%.

Parlamentares contrários à proposta apontam que a mudança, caso aprovada, terá efeito principalmente sobre itens da cesta básica e medicamentos, que têm alíquota abaixo da linha de corte de 18% proposta pelo governo.

"É inadmissível acharmos que alíquota abaixo de 18% seja benefício fiscal ou seja algum benefício, porque quem vai pagar o imposto na ponta é o consumidor", afirmou o deputado Sergio Victor (Novo). "O ICMS é o imposto que incide sobre o consumo e, naturalmente, pune muito mais o mais pobre do que o mais rico."

O governador João Doria (PSDB) anunciou, na última semana, que não vai alterar as isenções e alíquotas de ICMS dos produtos que fazem parte das cestas básicas de alimentos e de remédios.

Doria também afirmou que a mudança seria pelo prazo de 24 meses, de 1º de janeiro de 2021 a 31 de dezembro de 2022. Este item, no entanto, também não consta do projeto enviado pelo Executivo ao Legislativo. Segundo o estado, o governo deixa de arrecadar R$ 40 bilhões ao ano com as isenções do ICMS.

Deputados contrários à proposta defendem que a promessa não fique no discurso e seja transferida "para o papel".

"Alguns colegas vieram conversar comigo com relação ao ICMS, e estou debruçada sobre essa questão, para que tenhamos a segurança, para além da palavra do governador, de que a cesta básica e os medicamentos não serão impactados", afirmou a deputada Janaína Paschoal (PSL) na tribuna.

O projeto 529/2020

O megapacote apresentado pelo governo estadual tem como justificativa controlar gastos públicos e atenuar uma estimativa de déficit orçamentário de R$ 10,4 bilhões em 2021.

Um dos pontos da proposta permite o aumento de alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), mediante a autorização ao poder Executivo de renovar e reduzir benefícios fiscais relacionados ao imposto.

Além disso, o texto extingue dez órgãos públicos, responsáveis por diferentes áreas como saúde, habitação e transporte, entre eles a Furp (Fundação para o Remédio Popular), a Fundação Oncocentro de SP), a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de SP), a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) e o Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de SP).

O PL 529 institui ainda um programa para demissão voluntária de servidores e pretende aumentar a alíquota de contribuição do Iamspe (plano de saúde dos funcionários públicos estaduais).

Hoje, os servidores pagam 2% sobre o rendimento mensal para seu atendimento médico e de filhos, cônjuge ou companheiro (a). A nova regra propõe cobrança por pessoa, conforme faixa etária, variando entre 0,5% e 3% ao mês. ​

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