Entenda os caminhos para conseguir uma vaga no mercado de trabalho em 2021

Ferramentas online têm sido fundamentais para ajudar no processo

São Paulo

O ano de 2021 traz ainda mais desafios para quem procura uma vaga no mercado de trabalho, com a crise econômica, o desemprego em alta e o fim do pagamento do auxílio emergencial.

Com a pandemia do novo coronavírus, diferentemente das filas presenciais de emprego, como as tradicionais no vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, em que as pessoas iam com seus currículos em mãos e permaneciam por horas de pé até serem atendidas, ganha força o formato que permite buscar um posto de trabalho de maneira inteiramente online.

As formas de procurar um emprego são múltiplas e variadas, mas alguns passos são essenciais para almejar um cargo e a grande maioria passa pelo meio virtual.

“Os processos seletivos estão acontecendo em grande parte online. Já existia uma tendência muito forte do uso de ferramentas digitais para isso, mas, com a pandemia, isso se intensificou. Mesmo as empresas que tinham uma resistência ou até mesmo um preconceito tiveram que experimentar e viram os benefícios”, diz Luiz Eduardo Drouet, diretor da ABRH-SP (Associação Brasileira de Recursos Humanos), em entrevista ao Agora.

O primeiro passo é montar um currículo completo. Algumas plataformas, inclusive, disponibilizam essa ferramenta. O profissional deve preencher um cabeçalho com as principais informações gerais sobre si e, na sequência, um histórico acadêmico, experiência profissional e informações complementares, como trabalhos voluntários, hobbies e atividades que ajudem a apresentar o perfil do candidato. Segundo Drouet, incluir uma foto não é recomendado para o documento.

Após isso, o candidato deve se inscrever em plataformas online. A maior vantagem desse processo é poder encaminhar o seu currículo para mais locais em um curto espaço de tempo e filtrar vagas de seu interesse, além de cortar a necessidade de se dirigir pessoalmente à empresa ou aos mutirões de emprego.

“Hoje você tem o LinkedIn como principal portal nesse sentido, mas também tem o Vagas.com, a Catho, a Indeed, a BNE (Banco Nacional de Empregos), e muitas outras plataformas onde as empresas, além de divulgarem os seus canais próprios, mostram vagas. O próprio Facebook e o Google ao longo dos últimos anos também vêm disponibilizando a divulgação de vagas”, comenta Drouet.

Em São Paulo, o próprio governo vem promovendo políticas de promoção de empregos. “Nós criamos uma plataforma que integra todos os serviços de empregabilidade: o Meu Emprego. Por lá a pessoa consegue ter acesso a quais são os PATs (Posto de Atendimento ao Trabalhador), linkar com o sistema do Sine (Sistema Nacional de Emprego), e muitas outras coisas como ter acesso a oportunidades de emprego, qualificação profissional, preenchimento de currículo e seguro-desemprego”, diz Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico do governo de João Doria (PSDB) em São Paulo.

Já na plataforma escolhida, o candidato poderá optar pela empresa e vaga de preferência. Caso selecionado, o processo segue de maneira virtual.

“As entrevistas têm acontecido no formato online. Existem muitas plataformas disponíveis para você realizar essas entrevistas. Posições mais administrativas e executivas vão usar plataformas mais robustas, enquanto posições mais de varejo e operacionais, a gente vê profissionais de RH utilizando a própria chamada de vídeo pelo WhatsApp, um exemplo de uma ferramenta bem acessível, visto que grande parte da população dispõe de um celular com esse recurso. E mesmo que a própria pessoa não tenha, sempre tem alguém da família, um vizinho ou um conhecido que pode emprestar o recurso para essa finalidade”, destaca o diretor da ABRH-SP, que ainda fala de outra forma de entrevista.

“Outro formato que cresceu muito nesse período foi o de entrevistas gravadas, em que a empresa disponibiliza, em uma plataforma determinada, perguntas que o profissional tem acesso quando quiser para se candidatar. Então além das informações básicas, ele também responde essas perguntas e isso vai para uma plataforma de avaliação”, completa.

Apesar da evolução tecnológica, o trabalho humano segue muito requisitado para avaliar candidatos. Por isso, uma das principais preocupações dos profissionais de recursos humanos é garantir o máximo de pessoalidade nas entrevistas. “Temos sempre a preocupação de não tirar a humanização do processo seletivo. A gente acredita que uma coisa não está diretamente relacionada a outra, ou seja, não é porque estou usando ferramentas digitais que eu vou necessariamente tirar a humanização do processo. É possível conciliar os dois”, diz Drouet.

Depois de toda a trajetória online, talvez o único deslocamento necessário seja para uma entrevista final ou mesmo para levar a documentação e preencher o contrato de trabalho -isso varia conforme o contratante.

“Em fevereiro de 2020, somente 5% dos atendimentos realizados, seja do seguro-desemprego ou de empregabilidade, eram feitos de forma digital. Hoje, 80% dos serviços são realizados dessa forma. A maioria das pessoas está buscando o canal digital”, comenta a secretária de Desenvolvimento Econômico. Mesmo com esse dado, os postos de trabalho presenciais, caso o candidato prefira, seguem abertos seguindo todos os protocolos de segurança necessários por causa da pandemia.

A tendência é que vagas na área de tecnologia e logística tenham um número maior de oportunidades. “Temos setores que foram profundamente impactados, como hotelaria, turismo e entretenimento, mas temos outros setores que ou não foram impactados pela crise ou foram até aquecidos. Todo mercado baseado em tecnologia -e não só as funções mais técnicas, mas também funções de suporte administrativo- driblou a crise ou está em crescimento. Outro setor que tem crescido é o e-commerce e, consequentemente, o setor de logística. Então toda essa cadeia de suprimentos e de operacionalização para fazer chegar os materiais e produtos no cliente, cresceu muito, diferentemente do varejo físico”, diz Drouet.

Engana-se também quem pensa que os conhecidos mutirões acabaram. A principal mudança é que esses foram transferidos para plataformas digitais. No segundo semestre de 2020, o governo de São Paulo promoveu um online e o resultado foi muito importante. A expectativa para 2021 é ampliar esse projeto e atingir mais públicos.

“Nesse evento do ano passado, cadastramos 300 mil pessoas na plataforma de empregabilidade e, dessas, 240 mil tiveram acesso às vagas de qualificação profissional. Para esse ano, vamos garantir os apoios às centrais sindicais para termos o maior número possível de vagas e também de uma forma mais digna para a população usando as ferramentas digitais para apoiar as centrais. Para além de vagas, estamos atrelando os mutirões de emprego com a qualificação profissional. Nesse momento, mais do que nunca, toda vaga é pouco”, conclui Patrícia Ellen.

Buscando emprego, Selma relata dificuldades para achar uma vaga

Inscrita nas principais plataformas online para buscar uma vaga no mercado de trabalho, Selma Freitas, 42 anos, tem se deparado com algumas dificuldades. Com experiência como vendedora no comércio, ela está desempregada desde novembro de 2020.

“Resolvi sair do meu trabalho no final de setembro porque iam ter muitas mudanças e achei que não ia ser bom para mim. Depois, tive uma experiência curta em outro lugar, mas não deu certo e sai no fim de novembro. Agora estou com dificuldade de achar um emprego”, diz Selma.

Atualmente ela busca mudar de área e quer ingressar no mercado como recepcionista. “Estou tentando como recepcionista, atendimento ao cliente da mesma forma. Só que como muda um pouquinho eu já não estou mais tendo oportunidades. Como sempre trabalhei com o público acho que não era para ter tanta dificuldade”, comenta.

Apesar de sempre manter o seu cadastro online atualizado em diversas plataformas, Selma acredita que a ferramenta tem problemas e o presencial ainda faz falta para buscar uma vaga.

“Eu fiz algumas provas online, mas no geral está difícil. Não está tão acessível. Por incrível que pareça, quando você leva o currículo no lugar costuma ter mais oportunidades que no online”, diz Selma.

Para ela, a entrega de currículos de maneira presencial tem outro peso. “Nessas últimas duas semanas eu já mandei várias vezes o meu currículo, mas algumas respostas que eu tive não foram satisfatórias. Já estou pensando em, na próxima semana, começar a entregar o meu currículo em mãos”, comenta.

Com ensino médio completo, Selma agora busca realizar uma qualificação profissional e utilizar as ferramentas disponíveis no mundo digital.

“Tentei ir atrás de um programa social, mas precisava do CadÚnico. Agora já peguei o número e vou atrás de cursos para melhorar o meu currículo”, destaca.

Mesmo diante dos problemas encontrados, Selma se mostra confiante e acredita que conseguirá uma vaga em breve. “Gostaria de começar como recepcionista, mas caso surja uma oportunidade boa no comércio eu também penso em continuar. Vou seguir buscando”, conclui.

Vaga de emprego em 2021 | Passo a passo

Montar um currículo

  • Incluir informações básicas; histórico acadêmico; experiência profissional e informações complementares, como trabalhos voluntários, hobbies e atividades que ajudem a apresentar o candidato
  • Algumas plataformas disponibilizam uma área própria para isso

Inscrição em plataformas online de vagas

Inscrição para vagas

  • Escolher empresas e vagas que correspondam com o seu interesse e enviar o currículo pela própria plataforma

Entrevistas

  • Caso selecionado, a plataforma irá te informar
  • As entrevistas têm sido feitas de maneira online por plataformas de vídeo como o Whats App ou locais específicos para vídeochamada
  • Outra forma de entrevista são as gravadas, em que o candidato encaminha um vídeo respondendo à perguntas pré-definidas pelo empregador
  • Os tradicionais mutirões de emprego também entraram para o ambiente virtual e serão divulgados pelo próprio governo

Dica

  • Aproveite as plataformas para qualificação profissional

* Fontes: Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico do governo de João Dória (PSDB) em São Paulo, e Luiz Eduardo Drouet, diretor da ABRH-SP (Associação Brasileira de Recursos Humanos)

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