Butantan busca voluntários para testar vacina contra gripe

Instituto precisa de 440 pessoas entre 18 e 59 anos

São Paulo

O Instituto Butantan, entidade parceira da USP (Universidade São Paulo), recruta voluntários entre 18 e 59 anos, de ambos os sexos e com boas condições de saúde, para participar do estudo clínico contra o vírus influenza H7N9, de origem aviária. O objetivo é vacinar 440 pessoas, com duas doses distintas, até junho.

A bancária Thais Guilhem Laranjeira, 35 anos, se tornou voluntária do estudo clínico da vacina contra o vírus influenza H7N9 - Rivaldo Gomes/Folhapress

O vírus foi identificado pela primeira vez em 2013 na China, com transmissão por contato com aves. Até 2017, foram confirmadas 1.223 infecções em humanos, além de ao menos 380 mortes notificadas à OMS (Organização Mundial da Saúde).

Os sete lotes experimentais, neste caso, servirão para combater eventual pandemia (doença infecciosa que se espalha por grande região) pelo vírus influenza H7N9. A pesquisa começou em novembro de 2018 e deve acabar em dezembro.

Segundo o médico e pesquisador Alexander Precioso, diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, os voluntários não devem temer. “As vacinas são seguras, sem falar que as pessoas estão respaldadas por protocolo clínico aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), além de caráter ético”, afirma.

Na capital, o candidato a voluntário deve se dirigir ao Hospital das Clínicas, nos centros de pesquisas da Faculdade de Medicina e do Instituto da Criança. A unidade da USP de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) também é outro ponto.

Nesta primeira fase, 116 voluntários foram cadastrados no Centro de Pesquisa do Hospital das Clínicas para o estudo do vírus H7N9. Entre eles, a recepcionista Maria Flávia da Silva, 32 anos, moradora na Bela Vista (região central). “É a minha primeira experiência como voluntária e me sinto muito orgulhosa em poder contribuir para descoberta de uma vacina que combaterá o vírus”, diz.

O voluntário de estudo clínico de vacinas não é remunerado no Brasil, assim como ocorre em países da Europa e diferente dos Estados Unidos e do Canadá.

Amor

O amor pelos animais, mas especialmente pela coelha Dorotheia, impulsionou a bancária Thais Guilhem Laranjeira, 35 anos, residente no Sacomã (zona sul), a se tornar uma voluntária do estudo clínico da vacina contra o vírus influenza H7N9.

“Eu prefiro que seja em mim o teste”, referindo-se aos estudos pré-clínicos que são feitos em animais, geralmente ratos, camundongos e coelhos, para avaliar a toxicidade e os efeitos gerais do candidato a medicamento.

Thais ressalta que coelhos costumam ser alvo da indústria dermatológica. “Não é algo que me agrada. A gente não sabe se o animal sente dor”, diz. Ela confessa que sempre quis ser voluntária. Em 2016, tentou participar do estudo da vacina contra a dengue, que o Instituto Butantan produz, mas a dificuldade de conciliar a agenda de trabalho atrapalhou. 

Thais, que já tomou a segunda dose de uma das vacinas em estudo contra o vírus H7N9 e não teve reações adversas, conta que enfrenta os comentários dos amigos desconfiados. “Você é louca? Servir de cobaia.”

O Centro de Pesquisa do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), desde 2008, realiza estudo com vacinas, entre outros projetos. De lá para cá, teve 2.500 voluntários.

Atualmente, o serviço no prédio do Centro de Apoio ao Colaborador, desenvolve cinco projetos de vacinas. Dengue e vírus influenza H7N9 são patrocinados pelo Instituto Butantan, em parceria com instituições internacionais. Outros estudos de HIV e zika são executados.

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