A Polícia Civil registrou neste ano ao menos 172 casos em que bandidos roubaram celulares de dentro de
carros na capital, entre 1º de janeiro e 29 de março, uma média de dois casos por dia.
A reportagem do Agora levantou, junto com vítimas e com registros da SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), gestão João Doria, os pontos em que mais ocorreram crimes deste tipo em vias
da cidade.
Dados da SSP mostram que o período da noite foi o mais usado pelos bandidos para praticar os roubos de celulares de dentro de veículos (64).
No período da manhã foram 50 casos. Já durante a tarde, registrou-se 35. Nas madrugadas, a polícia contabilizou 23 casos.
Segundo as vítimas, os criminosos costumam agir em ruas e avenidas que, normalmente, sofrem com congestionamentos. Porém, também são relatados muitos casos nas vias em que não há tanto movimento —principalmente durante a noite e no início da manhã.
O motorista de aplicativo Marcos de Souza Pires, 40, sofreu um roubo de celular, dentro de seu carro, em 7 de dezembro do ano passado.
Pires relatou que estava com uma passageira, que ele levava para São Caetano do Sul (ABC). “Passava pela rua da Consolação [região central da capital], quando o trânsito travou do nada”, afirmou o
motorista de aplicativo.
De repente, conta Pires, ele viu um homem em atitude suspeita se aproximando do seu veículo. “O bandido jogou uma pedra no vidro de minha porta e pegou o celular”, relatou o motorista. “Tentei segurar o braço dele, mas não deu certo e ele levou o aparelho. Cheguei a cortar meu braço”, completou.
Lugares perigosos
A via em que houve o roubo do motorista de aplicativo consta no levantamento feito pela reportagem.
Além da Consolação, as ruas mais denunciadas por roubos de celular dentro de veículos na capital são: avenida São João, Santa Cecília (região central); perto do túnel Noite Ilustrada, sentido avenida Doutor Arnaldo, Consolação (zona oeste).
Também estão na lista de mais visadas avenida Santa Inês, Vila Cachoeirinha (zona norte); rua Santa Luzia da Boa Visão, Jardim Miriam, região da Cidade Ademar (zona sul); rua do Manifesto, Ipiranga (zona sul); avenida Raquel Chohfi, São Mateus (zona leste); rua Saquarema, Vila Prudente (zona leste) e
Agostinho de Azevedo, Jardim Boa Vista (zona oeste).
Exibir celular é atitude arriscada, diz especialista
O coronel da reserva da Polícia Militar e especialista em segurança pública, José Vicente da Silva Filho, afirmou que o recomendado é que as pessoas evitem exibir seus celulares quando estiverem nas ruas e avenidas das grandes cidades, justamente para não atrair a atenção de criminosos.
O especialista, porém, faz uma ressalva, diante da profissão de alguns dos alvos. “Mas para motoristas de
aplicativo, não tem jeito”, afirma. “Eles precisam manter o aparelho no painel do veículo, à vista de todos”, diz o coronel da reserva.
Silva Filho, que é ex-secretário Nacional de Segurança Pública, destacou a importância de as vítimas registrarem boletins de ocorrência sobre roubos sofridos. “A polícia precisa de notificações para entender melhor as características e locais das ações criminosas”, diz.
Ele também afirma que roubo de celular “é um velho assunto”. “Os celulares são um alvo fácil para criminosos, já que praticamente todas as pessoas têm um.”
Secretaria diz que polícia está atenta aos casos
A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmou que a Polícia Militar “está atenta” para roubos de celulares dentro de veículos. Disse que, mensalmente, são analisados os locais que apresentam altos índices e organiza operações policiais para repreender roubos e furtos.
A pasta menciona a operação “Mobile”, feita constantemente na capital, “para averiguar a procedência de
celulares apreendidos e apuração dos crimes de receptação”.
”Ações constantes são desenvolvidas pela pasta para combater os roubos de celulares e facilitar a recuperação dos mesmos quando há esse tipo de ocorrência”, diz.
A SSP destaca que, somente no carnaval deste ano, foram roubados 1.637 e furtados 3.834 celulares, representando redução de 10% e 2,7%, respectivamente.
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