Ladrões levam 2 celulares por dia dentro de veículos em São Paulo

Foram 172 casos até 29 de março na capital

São Paulo

A Polícia Civil registrou neste ano ao menos 172 ca­sos em que bandidos rouba­ram celulares de dentro de
carros na capital, entre 1º de janeiro e 29 de março, uma média de dois casos por dia.

A reportagem do Agora le­vantou, junto com vítimas e com registros da SSP (Secreta­ria Estadual da Segurança Pú­blica), gestão João Doria, os pontos em que mais ocorre­ram crimes deste tipo em vias
da cidade.

Dados da SSP mostram que o período da noite foi o mais usado pelos bandidos para praticar os roubos de celula­res de dentro de veículos (64).

No período da manhã foram 50 casos. Já durante a tarde, registrou-se 35. Nas madru­gadas, a polícia contabilizou 23 casos.

Cruzamento entre a rua da Consolação e a avenida Paulista (região central), que é um dos pontos mais visitados por ladrões interessados em roubar celulares dentro dos veículos na capital, aponta levantamento
Cruzamento entre a rua da Consolação e a avenida Paulista (região central), que é um dos pontos mais visitados por ladrões interessados em roubar celulares dentro dos veículos na capital, aponta levantamento - 15.01.2019 - Keiny Andrade/Folhapress

Segundo as vítimas, os cri­minosos costumam agir em ruas e avenidas que, normal­mente, sofrem com conges­tionamentos. Porém, tam­bém são relatados muitos ca­sos nas vias em que não há tanto movimento —princi­palmente durante a noite e no início da manhã.

O motorista de aplicativo Marcos de Souza Pires, 40, so­freu um roubo de celular, dentro de seu carro, em 7 de dezembro do ano passado.

Pires relatou que estava com uma passageira, que ele levava para São Caetano do Sul (ABC). “Passava pela rua da Consolação [região central da capital], quando o trânsito travou do nada”, afirmou o
motorista de aplicativo.

De repente, conta Pires, ele viu um homem em atitude suspeita se aproximando do seu veículo. “O bandido jogou uma pedra no vidro de minha porta e pegou o celular”, re­latou o motorista. “Tentei se­gurar o braço dele, mas não deu certo e ele levou o apare­lho. Cheguei a cortar meu braço”, completou.

Lugares perigosos

A via em que houve o rou­bo do motorista de aplicativo consta no levantamento feito pela reportagem.
Além da Consolação, as ruas mais denunciadas por roubos de celular dentro de veículos na capital são: ave­nida São João, Santa Cecília (região central); perto do tú­nel Noite Ilustrada, sentido avenida Doutor Arnaldo, Consolação (zona oeste).

Também estão na lista de mais visadas avenida Santa Inês, Vila Cachoeirinha (zona norte); rua Santa Luzia da Boa Visão, Jardim Miriam, região da Cidade Ademar (zona sul); rua do Manifesto, Ipiranga (zona sul); avenida Raquel Chohfi, São Mateus (zona leste); rua Saquarema, Vila Prudente (zona leste) e
Agostinho de Azevedo, Jar­dim Boa Vista (zona oeste).

Exibir celular é atitude arriscada, diz especialista

O coronel da reserva da Polícia Militar e especialista em segurança pública, José Vicente da Silva Filho, afir­mou que o recomendado é que as pessoas evitem exibir seus celulares quando esti­verem nas ruas e avenidas das grandes cidades, justa­mente para não atrair a atenção de criminosos.

O especialista, porém, faz uma ressalva, diante da pro­fissão de alguns dos alvos. “Mas para motoristas de
aplicativo, não tem jeito”, afirma. “Eles precisam man­ter o aparelho no painel do veículo, à vista de todos”, diz o coronel da reserva.

Silva Filho, que é ex-secre­tário Nacional de Segurança Pública, destacou a impor­tância de as vítimas registra­rem boletins de ocorrência sobre roubos sofridos. “A po­lícia precisa de notificações para entender melhor as ca­racterísticas e locais das ações criminosas”, diz.

Ele também afirma que roubo de celular “é um velho assunto”. “Os celulares são um alvo fácil para crimino­sos, já que praticamente to­das as pessoas têm um.”

Secretaria diz que polícia está atenta aos casos

A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmou que a Polícia Militar “está atenta” para roubos de celulares dentro de veículos. Disse que, mensal­mente, são analisados os locais que apresentam altos índi­ces e organiza operações policiais para repreender roubos e furtos.

A pasta menciona a operação “Mobile”, feita cons­tantemente na capital, “para averiguar a procedência de
celulares apreendidos e apuração dos crimes de recepta­ção”.

”Ações constantes são desenvolvidas pela pasta para combater os roubos de celulares e facilitar a recuperação dos mesmos quando há esse tipo de ocorrência”, diz.

A SSP destaca que, somente no carnaval deste ano, foram rouba­dos 1.637 e furtados 3.834 celulares, representando redu­ção de 10% e 2,7%, respectivamente.

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