A atendente de telemarketing Monique Freitas Pinto, 20 anos, moradora da Penha (zona leste), esperou dois meses para receber o laudo de um exame feito na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. A paciente só conseguiu o documento nesta quinta-feira (25), dia em que tinha consulta marcada com o especialista.
Monique sofre de endometriose (distúrbio no tecido que reveste o útero). Há um ano a doença piorou e ela começou a ter hemorragias constantes.
Para detectar o problema no útero da paciente, o médico pediu a para Monique exames pré-operatórios, entre eles uma ressonância magnética com contraste.
Monique explicou que o primeiro pedido foi feito em novembro, mas ela só conseguiu fazer o exame em fevereiro, na Santa Casa.
Pouco mais de um mês depois, porém, a atendente foi à Santa Casa buscar o resultado e lhe entregaram apenas as imagens, que são insuficientes para o médico que a trata, no Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros. “Ele me disse que, só com as imagens, fica vaga a análise de meu caso. Ele exige também o laudo”, explicou Monique.
Ela acrescentou que, na Santa Casa, lhe informaram sobre a demissão de “muitos médicos”. “Por isso, meu laudo ainda não foi assinado”, afirmou a atendente
A consulta dela aconteceu nesta quinta-feira, mas teve que ser reagendada para daqui uma semana, já que Monique corria o risco de ter sua cirurgia cancelada sem o laudo. A mãe de Monique, Solange Freitas Pinto, 43, abandonou o emprego de feirante para cuidar da filha.
A garota afirmou que está menstruada há 23 dias, mesmo tomando anticoncepcionais, e sente “dores muito fortes”. “Fico 15 dias boa e outros 15 dias sentindo muitas dores. Chego até a faltar do trabalho, pois não consigo levantar da cama”, relatou a paciente.
Especialista
Maurício Abrão, médico responsável pelo setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) afirmou que o problema é uma doença “polivalente”.
“Ela ocorre entre 10% e 15% das mulheres, sendo a principal causa da dor pélvica nas pacientes. Também acarreta em faltas no trabalho”.
Resposta
A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo afirmou que a atendente de telemarketing Monique Freitas Pinto recebeu nesta quinta-feira o laudo de ressonância magnética feito em fevereiro deste ano _na época, só as imagens tinham sido disponibilizadas.
A demora na entrega do laudo, segundo a paciente, teria sido por falta de médicos para assinar o documento. O que a Santa Casa não confirma.
A atendente tinha consulta com o médico especialista na tarde desta quinta-feira, mas foi reagendada para a semana que vem, para apresentar o laudo em mãos.
“O laudo foi mandado por email para podermos ir para a consulta hoje, já que não daria tempo de buscar por causa da consulta. Mas o médico acabou remarcando”, diz Solange Freitas Pinto, 43, mãe de Monique.
Em nota enviada à reportagem ontem, a Santa Casa confirma que o laudo “foi disponibilizado à paciente na data de hoje [ontem]”.
Diz que a instituição possui um dos poucos hospitais portas abertas da cidade e que a demanda no setor é alta, “desta forma buscamos atender a toda a população.”
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