Parque Minhocão terá impacto na Amaral Gurgel, diz relatório

Velocidade na rua deve cair 36%; reflexos serão pequenos pela cidade de SP

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Um estudo da Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), aponta que a velocidade média cairá na rua Amaral Gurgel (centro), com a transformação do elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, em parque. A queda na média prevista será de 36,1% --de 42,8 km/h a 27,3 km/h, no pico da manhã.
Com intervenções no trânsito em regiões próximas, a previsão é que a velocidade na via que fica embaixo do Minhocão suba para 31,7 km/h.

Trânsito na rua Amaral Gurgel e no elevado João Goulart, o Minhocão, que deverá ser transformado em parque, segundo projeto da Prefeitura de São Paulo - Ronny Santos/Folhapress

Em todo o município, o impacto com o fechamento de parte do Minhocão a veículos é considerado "muito baixo", de acordo com o estudo realizado pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), sem praticamente redução de velocidade.

Segundo a simulação, os impactos, com maior ou menor proporção, serão sentidos no trânsito no centro, no eixo Paulista e até nas marginais Pinheiros e Tietê.

O documento, usado para audiências públicas que começaram neste mês, aponta que a área de influência do Minhocão será o trecho com maior prejuízo para os motoristas durante a implantação da primeira fase do parque, que terá 900 metros de extensão --a gestão Covas estima iniciar as obras em 2020. 

Nesta área de influência, o tempo médio gasto pelos motoristas aumentará de 4,72 minutos para 4,83 minutos, segundo o relatório. O impacto no trânsito é considerado significativo pelo documento, que aponta necessidade de adequação do sistema viário nesta região.

Críticas

Engenheiros especializados nas áreas de tráfego e transportes ouvidos pelo Agora defendem a demolição do elevado Presidente João Goulart, construído em 1970 e com 2,8 km de extensão.

No lugar do Minhocão, por exemplo, Sergio Ejzemberg, mestre em engenharia de transporte da USP (Universidade de São Paulo), sugere a construção de corredor central na parte debaixo do elevado, inclusive com ciclovia. "É a região mais poluída da cidade, porque há o dobro de carros parados tanto em cima (elevado) quanto embaixo (rua Amaral Gurgel).

Consultor em engenharia de transporte de pessoas Horácio Augusto Figueira diz que a alternativa seria a construção de corredor de ônibus.

Trânsito

Para o motorista de aplicativo Francisco José de Lima, 67 anos, que circula diariamente pela região, o trânsito deve ficar complicado na Amaral Gurgel, onde dirigia nesta quarta-feira (29). "Acredito que o impacto será bem maior que 36,1% na velocidade", afirma.

Todos os motoristas ouvidos pela reportagem foram unânimes em afirmar que o trânsito deverá aumentar na região central, inclusive com reflexos em outros pontos da cidade.

"Hoje, a rua Amaral Gurgel e o próprio Minhocão travam em determinadas horas do dia. Imagina com o fechamento do elevado", afirma o consultor técnico Rogério Cazale, 41 anos, que trabalha na rua Marquês de Itu (centro), mas mora no bairro Butantã (zona oeste).

O contador Marcos Risso, 36, diz que a prefeitura deve buscar alternativas para aliviar o trânsito. "Para o morador, o parque é excelente. Para o motorista, péssimo o fechamento", diz.

Resposta

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), diz, em nota, que o impacto da implementação do primeiro trecho do Parque Minhocão (da Praça Franklin Roosevelt ao Largo do Arouche), no centro expandido, "é considerado baixo".

A velocidade média passaria de 26,8 km/h para 26,6 km/h (- 0,48%); e o tempo médio gasto de 15,32 minutos para 15,41 minutos (+ 0,59%).

A prefeitura diz que os dados são no pico da manhã e não consideram os "efeitos positivos" das ações de mitigação da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), como melhorias na sinalização e na rede semafórica.

Porém, a prefeitura não respondeu sobre os efeitos na rua Amaral Gurgel.

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