Após dois anos consecutivos de queda, as multas de trânsito da capital voltaram a subir. Em janeiro, dado mais recente do Painel de Mobilidade Segura da Prefeitura de São Paulo, foram aplicadas 817.903 infrações contra 797.363 em 2018, no mesmo período.
A diferença, de quase 20 mil infrações a mais, representa aumento de 2,57% de autuações na gestão Bruno Covas (PSDB).
Acabar com chamada indústria das multas foi uma das promessas do ex-prefeito João Doria (PSDB), atual governador, e de Covas.
No mesmo mês em 2017, foram apontadas 1.070.950 infrações de trânsito na cidade. Em 2016, houve a aplicação de 1.272.101 multas.
Os 894 radares de fiscalização eletrônica, dos quais, 887 fixos e sete pistolas, se mantiveram como os principais vilões dos motoristas mais desatentos ou infratores, com 637.627 multas registradas em janeiro, do total de 817.903.
Neste caso, 321.446 multas por velocidade superior à máxima permitida em até 20% foram as campeãs no registro eletrônico. Na vice-liderança, 166.991 autuações por conta do rodízio de carros no município.
Já os agentes de trânsito, vinculados à CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), aplicaram 180.276 infrações no mesmo mês na capital paulista. A principal delas foi transitar no corredor de ônibus (26.368), seguida de estacionar em local proibido (22.672).
Outras duas infrações que chamam a atenção na caneta dos agentes de trânsito têm o uso celular ao volante como destaque, respectivamente na quinta e sexta colocações das multas mais aplicadas no primeiro mês do ano.
Em janeiro, segundo o portal da prefeitura paulistana, 11.023 motoristas foram flagrados manuseando o celular para mandar ou receber mensagens, ou ainda para acessar redes sociais.
Outras 10.050 pessoas seguravam o aparelho na mão enquanto dirigiam e acabaram sendo pegas pela fiscalização.
Ineficiência
Para o engenheiro de tráfego Horário Augusto Figueira, o método de fiscalização usado pela CET é ineficiente. "É um número muito abaixo da real quantidade. É preciso aumentar as equipes e mudar a política de fiscalização", diz Figueira, que estima ser possível detectar mais infrações em um único cruzamento do que se registra na cidade toda atualmente.
Analisando os dados de janeiro, percebe-se que os três campeões de multas (faixa de ônibus, estacionamento proibido ou zona azul) somam mais de um terço do total de autuações. Para Figueira, são punições que não alteram o comportamento de cidadania nas ruas nem diminuem o número de acidentes.
Contramão
Enquanto o número de multas na capital paulista aumenta, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) estuda a retirada de radares de rodovias federais. Em São Paulo, 78% das autuações vieram do monitoramento eletrônico.
Na semana passada, o jornal Folha de S.Paulo obteve um estudo do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) que indica a necessidade de novos radares em mais de 8 mil faixas de rodovias federais no país, contrariando o anúncio anterior de Bolsonaro, feito por meio de redes sociais.
Na ocasião, o presidente disse que cancelou o pedido de 8.000 novos radares eletrônicos. "Por que queremos acabar com isso? É indústria da multa", disse o presidente.
Atualmente, o Dnit monitora 560 faixas de rodovias federais, mas já liberou a instalação de novos aparelhos para cobrir outras 1.038. Para garantir a ampliação da rede, o órgão recorre à Justiça.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), diz que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não trata multas como fonte de receita, mas com o objetivo de punir infratores que desrespeitam as leis de trânsito.
A nota afirma que agentes mantêm fiscalização diária e estão orientados a autuar sempre que houver infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro e de competência municipal.
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