Um motorista é multado a cada dois minutos por usar celular ao volante em São Paulo. Em 2018, foram mais de 337 mil multas do tipo _cerca de 38 por hora. Em relação ao ano anterior, o número representa redução de quase 40 mil autuações.
As infrações se dividem em três grupos: digitar no aparelho enquanto dirige, segurar o celular com uma das mãos e falar ao telefone.
Os dois primeiros grupos, relativos ao manuseio do aparelho, cresceram de 261 mil ocorrências em 2017 para 268 mil no ano passado _2,5%, aproximadamente. Já o número de casos em que o motorista foi flagrado falando ao telefone diminuiu quase pela metade _de 115 mil para 69 mil.
As multas relacionadas ao uso do aparelho celular podem ser aplicadas por agentes da CET (Companhia de Engenharia de Trafego), GCM (Guarda Civil Metropolitana) e Polícia Militar. Motoristas também podem ser autuados mesmo com o carro parado no semáforo ou em um engarrafamento.
Os locais onde se registraram mais multas do tipo foram os cruzamentos rua Emília Marengo com a rua Nestor de Barros (zona leste), avenida Paulista com a rua da Consolação (região central) e praça 14 Bis (região central).
O CTB (Código de Trânsito Brasileiro classifica como “gravíssima” a infração. A multa aplicada, além de pesar R$ 282,47 no bolso do condutor, acrescenta sete pontas na CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
A multa pode render ainda mais pontos na carteira de habilitação do motorista se combinada à autuação por condução de veículo sem as duas mãos ao volante. Nesse caso, são mais cinco pontos e R$ 130,16.
O motorista que acumular 20 pontos ou mais, em um período de até 12 meses, tem a CNH suspensa.
Tecnologia
O uso de celulares no trânsito é algo crescente desde o surgimento dos primeiros aparelhos, na década de 1990, segundo especialista em medicina de tráfego Alberto Sabbag. Para o médico, o surgimento dos smartphones e de aplicativos como Waze e WhatsApp potencializou o problema.
“Em primeiro lugar, a gente tem que observar que, para dirigir, é preciso estar com a atenção visual focalizada no trânsito”, disse Sabbag, que é também Secretário-Geral da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego). “Assim, os smartphones são telas concorrentes ao para-brisa do carro”.
A distração é responsável por aumentar consideravelmente o tempo de reação dos motoristas. Enquanto o tempo médio gira em torno de um segundo e meio entre o estímulo visual e a efetiva ação motora, seja ela frear ou desviar de um obstáculo na via, o tempo de alguém que mexe no celular enquanto dirige chega a triplicar, explica Sabbag.
“Um carro que anda a 36 km/h, ou dez metros por segundo, vai percorrer em média 12 metros até o motorista pisar no freio, caso precise. Se estiver no celular, pode chegar a 36 metros”, diz o médico. “Agora, imagine isso a 100 km/h? Uma mera distração pode ser fatal.”
No Brasil, o uso de telefone celular ao volante é a terceira maior causa de mortes no trânsito. São mais de 37 mil fatalidades por ano.
Estudos apontam que dirigir ao telefone, sobretudo digitando, aumenta a chance de acidentes em até 400 vezes. Comparativamente, é como dirigir sob efeito de álcool, disse Sabbag.
Resposta
Em nota, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), sob a gestão Bruno Covas (PSDB), diz ter intensificado a fiscalização contra infrações que provoquem riscos de acidentes, como o uso de celular ao volante. Além disso, por meio das redes sociais, afirma realiza campanhas sobre os riscos dessa prática, que pode provocar distração.
A nota diz que os agentes da CET mantêm fiscalização diária nas ruas da cidade e são orientados a atuar sempre que houver infrações de trânsito.
“Vale ressaltar que as medidas de melhorias na sinalização e a conscientização dos motoristas para que cumpram as regras de trânsito têm sido determinantes na queda das autuações na cidade de São Paulo”, afirma a nota da CET.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.