Motoristas clandestinos estão assediando passageiros no Aeroporto Internacional de São Paulo (Cumbica), em Guarulhos (Grande SP), em local destinado para a parada de carros com serviço de aplicativo.
Durante dois dias, sexta-feira (28) e segunda-feira (1º), a reportagem flagrou estes motoristas clandestinos oferecendo o transporte para passageiros que desembarcam de voos domésticos, no momento em que eles iriam chamar carros por aplicativo.
Quando a reportagem se aproximou da área destinada para embarque e desembarque de usuários de serviços de transporte por aplicativo, no terminal 1, foi abordada por um motorista oferecendo uma corrida.
Estes condutores são chamados de "pescadores" entre os motoristas que estão regularizados.
Eles oferecem a corrida pelo mesmo preço do serviço regular, mas com a vantagem de que o passageiro não precisa esperar pelo carro --em dias com chegadas de voos próximos, a espera pode ser longa.
Na oferta do serviço clandestino para a reportagem, o motorista explicou que faz a simulação da corrida em um aplicativo regular para calcular o preço.
Na corrida paralela, o passageiro paga com cartões de crédito e débito, ou em dinheiro. O "pescador", após 20 minutos, pegou um passageiro e partiu em um Ford Fusion preto.
Além deste condutor, outro motorista foi flagrado oferecendo viagem a uma família, sem uso do aplicativo, na sexta-feira (28), também no terminal 1. Porém, a corrida foi negada pelos passageiros.
Um motorista de aplicativo contou que muitos dos condutores que permanecem no ponto da empresa Uber no aeroporto não estão cadastrados.
Ainda na segunda, por volta das 21h, seis carros sem cadastro permaneciam estacionados aguardando passageiros. Um deles, um Chevrolet Corsa vermelho, ficou parado no local por cerca de 45 minutos.
Desrespeito
A reportagem permaneceu por cerca de uma hora no terminal 1 de Cumbica, na segunda-feira. Nesse período, carros regularizados de aplicativos usaram o ponto por menos de um minuto, o tempo de os passageiros desembarcarem ou embarcarem.
Um motorista regularizado do aplicativo, 37 anos, afirmou que a ação dos pescadores prejudica o trabalho dos motoristas que "seguem as regras". "É uma sacanagem esses caras pegarem passageiros que deveriam fazer corridas com a gente [condutores que usam o aplicativo corretamente]. Desrespeitam regras e trabalhadores sérios."
Há três meses na Uber, ele disse ser "quase impossível" conseguir corridas na região do aeroporto. "Eles jogam sujo e conseguem muitas corridas, por quebrarem as regras", afirma.
Resposta
A Uber afirmou que todas as viagens feitas pelos seus colaboradores só podem ser feitas mediante o uso do aplicativo, que oferece informações sobre o motorista como o nome e a foto do condutor, além de informações sobre o modelo, cor e placa do veículo.
"Dessa forma, qualquer viagem feita fora desses padrões não é uma viagem de Uber e, portanto, não dispõe das diversas ferramentas de tecnologia e processos de segurança oferecidas pela plataforma", diz trecho de nota.
Informada sobre as placas dos carros flagrados pela reportagem, oferecendo corridas sem o aplicativo, a empresa não confirmou se eles estão cadastrados como colaboradores da Uber.
A empresa acrescentou que, ao aceitar uma corrida com um motorista irregular, o passageiro perde o direito ao seguro. "A oferta de viagens fora da plataforma configura uma violação aos termos e condições de adesão ao aplicativo e, quando comprovada, leva ao banimento dos envolvidos", alertou.
A GRU Airport, responsável por Cumbica, disse que a fiscalização do trânsito no terminal 1 é feita pela PM e pela Secretaria de Transportes de Guarulhos. A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), disse que a fiscalização de motoristas irregulares é de competência dos órgãos de trânsito. Acrescentou que, qualquer pessoa que se sentir prejudicada deve acionar a PM.
A Prefeitura de Guarulhos, gestão Gustavo Henric Costa (PSB), disse que fiscaliza irregularidades de trânsito. Se alguém se sentir prejudicado, procurar agentes no local.
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