A Justiça decretou na noite desta quarta-feira (4) a prisão temporária dos dois seguranças acusados de torturar um adolescente de 17 anos, dentro de uma sala do supermercado Ricoy, na Cidade Ademar (zona sul) no mês passado. Até a noite da conclusão desta edição eles não tinham sido presos.
Segundo o delegado Pedro Luís de Sousa, do 80° DP (Vila Joaniza), um dos seguranças, de 49 anos, tem histórico criminal por lesão corporal contra a mulher. O outro, de 37 anos, por apropriação indébita.
Segundo vídeo feito por um dos dois suspeitos, o adolescente é golpeado com chicote enquanto é mantido nu e com a boca amordaçada. O motivo para as agressões, segundo relatado pela vítima à polícia, foi pelo fato de ele ter furtado quatro barras de chocolate.
O delegado afirmou acreditar que o caso não foi isolado. “Acho que o chicote foi usado outras vezes [dentro do supermercado], já que pequenos furtos são corriqueiros no local.”
Sousa também pretende apreender o celular usado para registrar o crime.
Entre segunda-feira (2) e esta quarta, seis funcionários do supermercado foram ouvidos no 80° DP. Segundo o delegado, os depoimentos foram “homogêneos”.
“Os funcionários vieram aqui, orientados pelo jurídico da empresa, para defender seus empregos.”
A vítima também prestou depoimento na segunda-feira (2). Segundo o delegado Sousa, o jovem é usuário de drogas e demonstrou timidez e nervosismo para falar sobre o crime. “Mesmo quase um mês depois da tortura, a vítima ainda tem marcas das feridas feitas com o chicote”, disse.
O titular do 80° DP afirmou ainda que o crime de tortura, em que os dois seguranças são acusados, é inafiançável, imprescritível e não pode nem ser perdoado mediante indulto oferecido pela Presidência
da República.
Buscas
O delegado Pedro Luís de Sousa disse ter pedido autorização para realizar buscas no supermercado onde ocorreu a tortura do adolescente, com o intuito de localizar o chicote.
A incursão no estabelecimento será feita também para verificar se câmeras de monitoramento registraram os dois seguranças conduzindo a vítima ao local em que ela foi torturada, por cerca de 40 minutos. A data exata do crime também ainda não foi confirmada pela polícia.
A arma usada no crime, acrescentou o policial, é um emaranhado de fios. Caso o chicote não seja encontrado, Sousa disse que isso não prejudicará as investigações. “O vídeo é prova material suficiente”, afirmou.
Em nota, a KRP Valente Zeladoria Patrimonial lamentou os “horríveis fatos” atribuídos aos dois seguranças no supermercado. “Ambos já foram desligados da empresa”, afirmou.
A empresa disse que, juntamente com o supermercado Ricoy, oferece suporte social, emocional e financeiro para o adolescente e
seus parentes.
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