Moradores da Liberdade, na região central de São Paulo, reclamam da feira livre que começou a funcionar na última semana na rua Américo de Campos, entre as ruas da Glória Galvão Bueno. Desde que a feira foi instalada o trânsito na região ficou “caótico”, afirmam, principalmente porque a rua da Glória e a praça Almeida Júnior servem de ponto final para seis linhas de ônibus.
Na manhã desta terça-feira (22), funcionários de empresas ônibus que passa pela rua da Glória afirmaram que a feira fez com que o trânsito ficasse “terrível”. Segundo eles, os veículos demoravam cerca de dois minutos para atravessar a rua. Hoje, em dia de feira, são 20 minutos gastos. “Às 8h da manhã dá vontade de chorar vendo a situação. A CET deveria arrumar o trânsito, mas ninguém veio auxiliar a gente”, afirmou um motorista que não se identificou.
No entorno da rua Américo também fica o 1° DP (Sé), o Tribunal de Justiça e o Hospital Leforte. De acordo com a moradora do bairro Fátima Ponga, 56 anos, nenhum morador foi consultado ou avisado a respeito da instalação da feira. “A gente acordou e viu as barracas montadas, não colocaram nenhuma placa ou sinalização, nenhum aviso prévio”, afirmou.
Ponga argumenta que a rua Américo também aliviava o trânsito da Radial Leste e era a única opção para os motoristas que saíam da Mooca. João Batista, 58 anos, dono de um restaurante na região, disse que os comerciantes também não foram consultados nem avisados sobre a feira.
Um dos organizadores da feira, Vagner Aparecido de Oliveira, 55 anos, disse que demorou cerca de oito meses para que fosse conseguida a autorização da prefeitura. “Nós achamos melhor divulgar no boca a boca mesmo, não recebemos nenhuma reclamação, o pessoal está gostando bastante”, disse Oliveira.
Para Yuriko de Hiyashi, 72 anos, dona de um salão de beleza na rua Américo há 26 anos, a instalação da feira prejudicou seu serviço pois uma barraca de peixe foi colocada em frente à entrada de seu salão.
“Eu não sou contra a feira, todo mundo tem que trabalhar. O problema é que ela veio sem nenhum aviso e o cheiro de peixe demora muito para sair”, afirmou Hiyashi.
Regulamentação
Vereadores de São Paulo discutem um projeto de lei que visa regulamentar as feiras livres da cidade. Entre as mudanças, está um rodízio de ruas para a instalação das feiras. Hoje, são cerca de 870 feiras cadastradas na capital, que funcionam de terça-feira a domingo.
O projeto de lei é de autoria do vereador Ricardo Teixeira (DEM) e foi aprovado em primeira discussão na sessão do último dia 17 de setembro. No último dia 1°, a proposta do rodízio gerou contrariedade entre feirantes e vereadores presentes na Câmara Municipal.
Para Edir Sales (PSD), por exemplo, o melhor seria criar uma feira sustentável e uma feira noturna, e não um sistema de rodízio. “Os feirantes querem ordem, disciplina”, afirma. Já Alessandro Guedes (PT) propôs isenção do rodízio de carros para os feirantes, instalação de banheiros químicos e horários flexíveis para as feiras livres, de acordo com cada região da cidade.
O presidente da Câmara, vereador Eduardo Tuma (PSDB), também disse que pretende convidar os vereadores autores de projetos relacionados às feiras livres para uma reunião com a sociedade civil e com representantes dos feirantes para discutir o assunto.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), disse por meio de nota que a Subprefeitura da Sé e a Supervisão de Feiras Livres deram parecer favorável à instalação da feira na rua Américo de Campos, na Liberdade. Por isso, a feira está regular e respeita as leis.
Segundo a prefeitura, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) vai avaliar os impactos no trânsito e a SPTrans (São Paulo Transporte) vai verificar a situação dos ônibus que passam na região.
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