A polícia prendeu nesta sexta-feira (18) em Campinas (93 km de SP) um libanês de 64 anos apontado como chefe uma quadrilha especializada em tráfico internacional de drogas. Joseph Nour Eddine Nasrallah, conhecido como “Sheik”, era foragido da Justiça desde 2017. A defesa dele não foi encontrada pela reportagem.
Segundo a delegada Roberta Guerra Maransaldi, investigadores do 89º DP (Portal do Morumbi) receberam a informação de que Sheik iria se reunir com prováveis compradores de cocaína, para distribuí-la na favela de Paraisópolis (zona sul da capital paulista). O encontro ocorreria no restaurante de um hotel em Campinas.
Após receber a denúncia, investigadores ficaram de campana no hotel por uma semana, até que identificaram Sheik no saguão do local, na sexta (18), onde foi abordado com discrição. “A prisão dele foi tranquila. Na delegacia, ele negou participação [com o tráfico] e deixou claro que ele não seria nunca pego com drogas ou armas [em sua posse]”, afirmou a delegada.
A polícia acrescentou que Sheik conta com passagens criminais por tráfico, associação criminosa, receptação e extorsão mediante sequestro.
Segundo a delegada, Sheik teria sido irônico com os policiais que o acompanhavam após ser preso. “Ele nos parabenizou pela prisão, afirmando que essa foi a primeira vez que a Polícia Civil conseguiu prendê-lo.”
Sheik passou quase sete anos na cadeia após ser capturado pela Polícia Federal, mas em 2013 conseguiu um habeas corpus do ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), e foi liberado. Em maio de 2016, voltou à prisão por causa da sentença, confirmada em segunda instância, que o condenou a dez anos de reclusão, em regime fechado, por associação ao tráfico internacional.
Em 2017, segundo a delegada Roberta, o libanês foi beneficiado com uma saída temporária da cadeia, pois já cumpria pena no regime semiaberto. Porém, ele não voltou ao término do benefício e, desde então, era considerado foragido da Justiça.
O estrangeiro é acusado de liderar uma quadrilha que compra cocaína do Paraguai e Bolívia, distribuindo posteriormente a droga, por via aérea ou marítima, para Estados Unidos, Europa, África do Sul e Oriente Médio.
Sheik permanecia na carceragem de uma delegacia da capital paulista até a publicação desta reportagem. Ele seria transferido para o sistema carcerário, segundo a polícia, até esta segunda-feira (21).
Residência milionária
Sheik ficou conhecido por construir em Valinhos (85 km de SP) uma mansão luxuosa, avaliada, em 2007, em cerca de R$ 40 milhões. Daí surgiu o apelido que passou a figurar em suas fichas policiais.
Naquele ano, ele foi preso pela Polícia Federal, na Operação Kolibra (Conexão Líbano-Brasil), suspeito de liderar a organização que compra toneladas de cocaína na América do Sul e exporta em navios cargueiros para Estados Unidos, Portugal, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Suíça e para países do Oriente Médio.
A mansão cinematográfica, descoberta na época da prisão, tinha uma banheira avaliada em US$ 60 mil (R$ 243 mil) e detalhes em ouro nas paredes de mármore.
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